MEDICINA COMPLEMENTAR
Energia total
Cansaço, desânimo, dores musculares e dificuldades de raciocínio freqüentes podem ser alguns sintomas de devitalização. Conheça as terapias que prometem revigorar completamente seu organismo
TEXTO RAPHAELA DE CAMPOS MELLO FOTOS MANOEL MARQUES PRODUÇÃO ESTER DIAS NA ROTINA DIÁRIA, nosso organismo e nossa mente são bombardeados por uma série de agressões. Estresse, alimentação inadequada, pensamentos pessimistas, sobrecarga de tarefas e até mesmo ondas eletromagnéticas emanadas por aparelhos eletrônicos vão minando nossa energia vital sem ao menos nos darmos conta. O corpo tenta fazer sua parte, emitindo sinais de alerta, muitas vezes, ignorados. Cansaço excessivo, sonolência, insônia e enjôos são os primeiros indicadores da desvitalização energética, terreno ideal para o florescimento das doenças. Depois, é comum o quadro se agravar.
Quem já não teve a sensação de que as emoções parecem estar impregnadas na musculatura, que a energia parece ficar represada, criando uma espécie de couraça em volta do corpo? Mas como romper essa barreira e repor a energia
perdida? É para isso que serve a análise bioenergética, um ramo da psicoterapia que faz uso de exercícios de respiração, simulação de choro, toques e conversa para trabalhar as emoções e o corpo.
A origem da técnica
Na virada do século 19 para o 20, um novo método terapêutico conhecido como “terapia através da conversa” pintou com cores suaves e humanas o cenário da psiquiatria, até então, assombrado pela rotina dos choques elétricos. Pela primeira vez na história a comunicação verbal passou a ser utilizada como remédio para aliviar as aflições da alma. O pioneiro da técnica revolucionária foi o médico austríaco Josef Breuer (1842-1925), mentor dojovem Sigmund Freud (1856-1939), que anos mais tarde se tornaria o Pai da
Psicanálise a partir da descoberta do inconsciente.
Freud reuniu uma legião de seguidores, entre os quais, Wilhelm Reich (1897-1957). Cientista natural, o médico austríaco Reich rompeu com a psicanálise depois de descobrir que o histórico de cada indivíduo estava gravada no corpo. O passo seguinte foi introduzir a expressão corporal como eixo do processo terapêutico. Sob tal perspectiva, as palavras mascaram nossos sentimentos mais profundos, enquanto o físico denuncia o que tentamos esconder. “Se deixarmos o ser humano falar qualquer coisa, descobriremos que seu discurso o distanciará dos problemas. Assim que a pessoa pára de falar, a expressão corporal da emoção torna-se claramente visível”, dizia Reich.
Suas pesquisas realizadas na década de 40 levaram à formulação do conceito de couraça muscular, segundo o qual os sentimentos reprimidos ocasionam rigidez na musculatura, que, por sua vez, se torna um foco de energia represada. Essa seria a origem das doenças. Somente quando a inflexibilidade muscular é dissolvida, a energia é liberada e o corpo recupera sua plenitude. Por meio de exercícios respiratórios, Reich promovia a libertação de emoções de seus pacientes como prazer, medo, raiva e ansiedade.
Posteriormente, ele descobriu que a energia em movimento constante no corpo humano é a mesma presente no cosmos, à qual chamou de orgônio.
Por esse motivo, foi acusado pelos meios acadêmicos de ser um místico, rótulo que refutou com veemência.
Hoje, a medicina convencional já está mais aberta à idéia de que o organismo humano não é simplesmente uma estrutura biológica, mas, sobretudo, a interligação de corpo, mente e espírito. “A memória se aloja em imagens e sensações nas próprias células”, ensina a psicóloga e escritora norte-americana Clarissa Pinkola Estés, no livro Mulheres que correm com os lobos (ed. Rocco, 1992). Segundo ela, “o corpo é um ser multilíngüe. Ele fala através da cor e da temperatura, do rubor do reconhecimento, do brilho do amor, das cinzas da dor, do calor da excitação, da frieza da falta de convicção”.
Essa mesma percepção norteia o trabalho da psicoterapeuta reichiana Ana Lúcia Faria, para quem a temperatura e coloração da pele, a textura do cabelo e o brilho do olhar dizem muito sobre a fluidez da energia vital.
” Trabalho nos planos da escuta e do olhar”, explica Ana Lúcia, que também é diretora da Sociedade Brasileira de Análise Bioenergética, corrente criada pelo médico norte-americano Alexander Lowen, na década de 50, como uma extensão do trabalho de Wilhelm Reich. De acordo com essa vertente, por meio da leitura corporal o psicoterapeuta faz um diagnóstico da dinâmica energética do paciente, levando em conta os bloqueios ocasionados pelos traumas e dificuldades vivenciados desde os primeiros meses de vida.
Longe do divã
A grande inovação da análise bioenergética foi tirar o paciente do divã e colocá-lo de pé, em posição de grounding, termo em inglês que significa enraizamento. O objetivo é que o indivíduo coloque os pés no chão, amparado pelas próprias pernas, ligando-se à realidade à sua volta. Lowen também desenvolveu o stool bioenergético, espécie de banquinho sobre o qual a pessoa deita de costas para alongar e estimular a musculatura paravertebral e o diafragma. Dessa forma, a respiração é ativada e os músculos posteriores, alongados. Combinação que resulta no desbloqueio energético. No decorrer desse processo, ainda estão previstos o uso da voz para expressão e o despertar dos sentimentos recalcados. Alguns exercícios utilizam a parede como apoio e bolas posicionadas estrategicamente sob os ísquios e as costas para dissolver a tensão.
Para que a rendição à linguagem silenciosa do corpo possa ocorrer, é preciso muita sensibilidade por parte do terapeuta. A couraça é uma defesa, portanto, não pode ser quebrada abruptamente, tem de ser desmanchada aos poucos como parte de um processo gradual de autoconhecimento. Segundo Ana Lúcia, a falta de flexibilidade corporal reflete a própria rigidez mental do indivíduo, a resistência em aceitar o diferente, o preconceito, as cobranças internas. As queixas mais recorrentes em seu consultório estão relacionadas ao estresse da vida moderna. Insônia, gastrite, úlcera e enxaqueca mascaram problemas como o imediatismo, a compulsão, a dificuldade de aceitação dos limites e do envelhecimento. “As pessoas sentem dificuldade em conhecer a si mesmas e ao outro, em apostar na vida”. As transformações advindas da análise, de acordo com ela, levam o paciente a se posicionar no mundo, a ter mais clareza de si e do semelhante, e, assim, partir em busca de seus anseios mais verdadeiros.
A dona de casa Clara (nome fictício), 41 anos, descobriu na prática que o corpo não mente. “A partir do momento em que você entra em contato com a dor, aprende a estar inteira em cada ato”, afirma. Com o amparo da terapia, ela aprendeu a calcar os pés no chão e a canalizar a energia para realizar seus objetivos de vida. Formada em administração de empresas, Clara vivia para o trabalho quando, no fundo, o que realmente queria era formar uma família. O trabalho corporal ajudou-a a reconhecer seus desejos mais íntimos. Resultado: casou e teve um filho num curto espaço de tempo. “Quando você focaliza a energia, as coisas acontecem”, orienta. Em 2001, foi diagnosticada com depressão. Nessa época, os exercícios no stool incitaram- na a soltar a raiva e as emoções contidas. “Há um exercício em que soluçamos com o peito aberto simulando o choro e, às vezes, as lágrimas realmente vêm à tona”, conta. Ao final das sessões, sentia que os sintomas da depressão eram amenizados assim como o estresse emocional, o cansaço e a debilitação energética. Assim, foi possível readquirir sua força vital. O desafio mais recente foi uma cirurgia de redução do estômago. Ela passou dos 102 quilos para a casa dos 60. Dessa vez, a terapia atuou como um suporte para lidar com a compulsão alimentar e a adaptação ao estômago novo.
Equilíbrio energético
Depois de perder o pai, vítima de câncer, Geraldo Medeiros Jr. transformou o inconformismo em descoberta. Para ele, o homem era muito mais do que um conjunto de músculos, ossos e fluidos. Sua saga por respostas começou há vinte anos e o levou a estudar filosofia e religião, até que a biologia e a teoria reichiana iluminaram suas indagações. Hoje, Medeiros é fundador da bioenergologia, ciência não reconhecida pela classe acadêmica que estuda as energias vitais. Dela nasceu a bioenergopatia, terapia alternativa que aumenta a imunidade e combate as disfunções energéticas, causadoras de doenças. Desde 1986, ele dirige o Instituto Medeiros de Pesquisas Avançadas, localizado em São Paulo, onde são realizadas consultas, capacitação e pesquisas.
Os estudos de Medeiros mostram que as doenças se manifestam primeiramente em nível energético, para depois se concretizarem no plano físico. Por meio da bioenergopatia, é possível detectar o grau de disfunção vital do paciente.
Se o distúrbio já afetou o organismo, a proposta para reverter o quadro é reequilibrar as forças. Muitas vezes, apesar da desvitalização, o corpo ainda não foi atingido por um mal específico. Por isso, os exames clínicos são incapazes de apontar problemas. “Muitas pessoas sentem um cansaço profundo e, mesmo tomando remédios, não melhoram”, explica Medeiros. Alguns testes são aplicados com o intuito de traçar o perfil do indivíduo. Um deles é a medição da carga eletromagnética presente no organismo por meio de um multímetro convencional. Outro teste é feito com uma mecha de cabelo, indicador que revela o patamar de extenuação a partir da radiação do fio. Já o exame HEG (hemoenergografia), realizado com uma gota de sangue, analisa a acidez da amostra e o nível de oxigenação. O tratamento, com duração máxima de dois meses, tem duas etapas: a desintoxicação e a revitalização. Num primeiro momento, o terapeuta intervém na alimentação, além de promover a oxigenação do sangue e a eliminação de microorganismos nocivos. A fase seguinte utiliza água e cremes especialmente preparados. A ingestão de grande quantidade de água é aconselhada para melhorar o desempenho dos rins e do fígado. Os pacientes também devem evitar alguns alimentos que, por possuírem ácido malônico em sua composição, roubam oxigênio do sangue, como cebola roxa, feijão preto, maracujá, manga e chocolate.
Com a ajuda da bioenergopatia, a jornalista, Sueli (nome fictício), 52 anos, reverteu em 80% os sintomas de uma doença autoimune incurável e pouco conhecida chamada síndrome de Sjögren, diagnosticada há quatro anos.
Semelhante ao lúpus, essa enfermidade causa o ressecamento das glândulas salivares, amortecimento dos membros superiores e inferiores, alergias e debilidade dos pulmões. Depois de sucessivas internações e imprecisões médicas, sentia- se fraca e vulnerável, tomada por uma tosse brutal. “Quando eu vi aquele diagnóstico, me senti condenada”, relembra. Em junho deste ano, ela iniciou o tratamento. Depois de três dias, uma gripe desencadeou violentas crises de tosse. No entanto, seu corpo emitiu um sinal há muito silenciado. Seus olhos, nariz e pulmões voltaram a fabricar fluidos. “Isso para mim foi um milagre. Antes, eu não produzia secreção”, relata. Com o passar do tempo a tosse acalmou e ela voltou a se sentir revitalizada, recuperando, inclusive, parte da sensibilidade. “Ganhei vida nova.
Atualmente vou a festas e jantares. O bem-estar me invadiu”, finaliza. A experiência ficou gravada no organismo e no coração. Ao final da terapia, aprendeu a ler nas entrelinhas os sinais emanados pelo corpo que, a todo momento, nos mostra o caminho da cura.
Dez dicas para evitar distúrbios energéticos
1) Escudo antieletromagnético – Antes de dormir, retire da tomada aparelhos eletroeletrônicos que estiverem no módulo stand-by, prontos para serem acionados por controle remoto. Equipamentos nesta situação continuam emitindo feixes de raios ultravioleta, os quais contaminam o organismo com energias nocivas. Coloque também uma vasilha com solução de água e sal no local para minimizar o potencial elétrico do ambiente.
2) Abuse da água – Pelo menos duas vezes por semana, beba uma garrafa de água gasosa bicarbonatada. Com esse procedimento, podese prevenir o processo de acidificação do sangue, que prejudica o perfeito funcionamento do fígado.
Se possível, utilize água filtrada para lavar todos os alimentos. Não abuse dos refrigerantes e procure não ingerir álcool. Prefira sucos naturais, feitos na hora.
3) Olho na alimentação – Alimente-se o mais naturalmente possível. Não coma enlatados e conservas. Se comer verduras cruas, lave-as e deixe-as de molho em solução de água e vinagre ou hipoclorito por pelo menos 15 minutos.
Depois, enxágüe-as bem. Se possível, substitua suas panelas de alumínio por ágata ou inox. O alumínio é um metal que se acumula no organismo, trazendo problemas com o passar da idade.
4) Cuidado com o celular – Não carregue o celular colado ao corpo. Ao falar, alterne a orelha a cada 30 segundos. Esse procedimento evita o aquecimento do cérebro. O fone de ouvido é uma boa opção para deixar o aparelho mais distante da cabeça.
5) Atenção para os produtos de limpeza – Utilize o mínimo de detergente para a lavagem da louça, pois este produto é extremamente tóxico e difícil de ser removido. Indiretamente, você acaba ingerindo uma parte deles. Afaste-se de produtos que contenham álcool isopropílico, propilenoglicol e dê preferência aos hipoalergênicos e naturais, pois são menos agressivos à saúde.
6) Animais domésticos – Algumas bactérias inerentes aos animais domésticos podem ser perigosas ao entrarem em contato com o ser humano. Impeça que o animal permaneça dentro de casa e em hipótese alguma durma com eles.
7) Ingestão de remédios – Os remédios podem prejudicar o organismo. Se tiver com algum problema de saúde, nunca faça a automedicação.
8) Mente sã – O pensamento tem o poder de envenenar o corpo quimicamente. Quando estamos nervosos, nosso coração bate mais rápido, sentimo-nos ofegantes ou com falta de ar, aumentamos o nível de ferro e promovemos a formação de putrecina e cadaverina, geralmente encontrados em corpos em decomposição. Para aliviar as aflições da alma, sempre que possível, procure a ajuda de um psicólogo.
9) Corpo em ação – Exercícios regulares sob orientação médica ajudam a eliminar radicais livres e desintoxicam o organismo. Pratique uma atividade física que lhe agrade e traga satisfação.
10) Descarregue as energias letais – Procure andar descalço na terra de vez em quando para descarregar o eletromagnetismo impregnado em você. Dentro de casa, evite andar calçado. O escalda-pés é uma ótima alternativa para aliviar as tensões de um dia de trabalho.