“O CORPO BRASILEIRO, O CORPO EUROPEU – RIO DE JANEIRO, BARCELONA, SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS”
Claudia Silva – Martha Zanetti
Referências Teóricas:
Inspiradas no tema do Congresso, A Ecologia do Corpo, nos colocamos as seguintes questões:
Do ponto de vista da ecologia, vista como – “O estudo das relações que os seres vivos mantém com o meio em que vivem”, existem diferenças entre o corpo brasileiro e o corpo europeu?
Trabalhando em workshops e na clínica, em Barcelona, em co-coordenação, temos levantado hipóteses sobre as diferenças na constituição física e energética, e no modo de expressar o seu sentir, das pessoas nas duas diferentes cidades?
Os ecossistemas, compreendido como a cultura, as inter-relações sociais, econômicas e políticas interferem na nossa forma de estarmos no mundo?Alguns autores “colaboraram” conosco:
Escreve Charles Darwin, no seu livro “A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais”: “… parecia-me de extrema importância estabelecer-se, como se afirmou com freqüência, mas com escassas evidências, encontramos as mesmas expressões e gestos nas diferentes raças humanas, especialmente aquelas que tiveram pouco contato com os europeus… Expressões ou gestos adquiridos por convenção na infância provavelmente difeririam tanto quanto diferem as línguas…” (pg. 24) “… parecia provável que o hábito de expressar nossos sentimentos por meio de certos movimentos, apesar de agora inato, foi de alguma maneira adquirido gradualmente.” (pg. 28)
Humberto Maturana, em “Emoções e Linguagem na Educação e na Política”, nos diz: “Quando falamos de emoções, fazemos referência ao domínio de ações em que um animal se move. Notamos que isso é assim pelo fato de que nossos comentários e reflexões, quando falamos de emoções, se referem às ações possíveis do outro, que pode ser um animal ou uma pessoa. Por isso, digo que o que conotamos quando falamos de emoções são os diferentes domínios de ações possíveis nas pessoas e animais, e as distintas disposições corporais que os constituem e realizam.” (pg. 22) Nos diz também Maturana: “Organismo e meio vão mudando juntos de maneira congruente ao longo da vida do organismo.” (pg. 62)
Em “O Erro de Descartes”, António Damásio afirma: “… ciclos complexos de interação, cérebro e corpo continuam a ser concebidos como separados em termos de estrutura e de função. A idéia de que o organismo inteiro, e não apenas o corpo ou o cérebro, interage com o meio ambiente é menosprezada com freqüência, se é que se pode dizer que chaga a ser considerada. No entanto, quando vemos, ouvimos, tocamos, saboreamos ou cheiramos, o corpo e o cérebro participam na interação com o meio ambiente.” (pg. 255)
Maurice Merleau-Ponty, afirma na “Fenomenologia da Percepção” que: “… o organismo, por sua vez, opõe à análise físico-química não as dificuldades de fato de um objeto complexo, mas a dificuldade de princípio de um ser significativo.” (pg. 89)
O “significativo” nos remete a subjetividade de cada ser e Alexander Lowen nos diz, em “Bioenergética”: “… a vida de um indivíduo é a vida de seu corpo. Desde que o corpo com vida inclui a mente, o espírito e a alma, viver a vida do corpo inteiramente significa ser atento, espiritual e nobre.” (pg. 37)
Para a nossa pesquisa, escolhemos fotografar, de forma espontânea, um dia na vida do cidadão de Barcelona e na vida do cidadão do Rio de Janeiro, em Barcelona um dia no parque, no Rio de Janeiro, um dia na praia.
As fotos foram feitas, jornalísticamente, não pedimos licença aos fotógrafos porque o uso seria (e é) exclusivo de estudo e restrito ao Congresso, porque se fôssemos consultar as pessoas, elas “pousariam” e perderíamos a condição que gostaríamos de preservar: – a espontaneidade.
A partir da apresentação dos DVDs, que compõem uma das partes de nosso trabalho vivencial, nossos participantes serão convidados a elaborarem as sensações, emoções e sentimentos a que foram remetidos ao assistirem cada DVD. E será, a partir dessas “falas” que nosso trabalho de pesquisa se estrutura:
O que temos de semelhanças?
O que temos de diferenças?
O resultado encontrado será encaminhado à comissão científica, como nossa contribuição ao II Congresso Latino-Americano de Análise Bioenergética – Recife – maio 2008.
Breve descrição da parte prática:
Após breve exposição da motivação que nos levou a este trabalho, vamos fazer uso de alguns exercícios que leve à atenção e ao centramento, e com os sentidos mais despertos vamos projetar dos DVDs:
1. Primeiro o vídeo de Barcelona. Apos a exibição com fotos e música significativa de um dia na vida de lazer na cidade pesquisada, vamos pedir que os participantes tomem nota de suas percepções sobre o que sentiram.
2. Em segundo tempo, vamos exibir o vídeo do Rio de Janeiro, com a mesma consigna
Após alguns minutos de exercícios de respiração, vamos ouvir o que cada pessoa registrou, de cada cidade, de Barcelona e do Rio de Janeiro, e a partir daí, vamos elaborar as semelhanças e as diferenças que foram observadas.
Este trabalho e o material por ele produzido, se insere no universo de nossos interesses como psicoterapeutas de Análise Bioenergética, em apurar nossos sentidos em direção à pessoa, e a cultura, a sociedade e aos valores a que pertencem / pertencemos como possibilidade de abertura às nossas diferenças como um valor, uma riqueza a ser acrescentado aos nossos saberes.
Referências Bibliográficas:
1 – DAMÁSIO, A.R. O erro de Descartes. Tradução por: Dora Vicente e
Georgina Segurado. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
Tradução de: Descartes’ error.
2 – DARWIN, C. A expressão das emoções no homem e nos animais.
Tradução por: Leon de Souza Lobo Garcia. São Paulo: ompanhia
das Letras, 2000.
Tradução de: The Expression of the Emotions in Man and Animals.
3 – LOWEN, A. Bioenergética. Tradução por: Maria Silvia Mourão Netto.
3. ed. São Paulo: Summus, 1975.
Tradução de: Bioenergetics.
1. – __________. Prazer – Uma abordagem criativa da vida. Tradução por:
Ibanez de Carvalho Filho. São Paulo: Summus, 1984.
Tradução de: Pleasure – A Creative Approach to Life.
1. – MATURANA, H. Emoções e linguagem na educação e na política.
Tradução por: José Fernando Campos Fortes. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2001.
Tradução de: Emociones y lenguaje en educación y política.
6 – MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. Tradução por:
Carlos Alberto Ribeiro de Moura. 2. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1996.
Tradução de: Phénoménologie de la perception
Nome e e-mail dos autores:
Claudia Silva – claudiavic2004@yahoo.es
Martha Zanetti – acasadorio@uol.com.br
Instituição a qual pertence:
SABERJ – Sociedade de Análise Bioenergética do Rio de Janeiro.