29 – Título do trabalho
“O ROSTO, O OLHAR.. EXPRESSÃO DA VIDA”.“O ROSTO, O OLHAR.. EXPRESSÃO DA VIDA”.
Maria Zeneide Monteiro*
Luis Gonçalvez
A proposta deste workshop é trabalhar através da Bioenergética, com ênfase no primeiro e segundo segmento da couraça caracterial (segmento ocular e oral segundo W. Reich) na conexão com conceitos da esquizoanálise de G.Deleuze e F. Guattari , buscando a liberação do fluxo e pulsação energética na construção de outros rostos, outros olhares.
“W. Reich considera o rosto e os traços de rostidade como uma das peças sociais da couraça caracterial e das resistências do ego, opondo-se como segmento (ocular e oral) ao livre movimento das correntes bioenergéticas do corpo”. Conectando os conceitos de territorialidade e de rostidade de G. Deleuze e F. Guattari com os de couraça muscular e caracterial de W. Reich com a Análise Bioenergética, podemos afirmar que a desterritorialização do corpo implica una reterritorializacão no rosto.
A sobrecodificação pela hegemonia da imagem e do despotismo do rosto (morais autoritárias, repressivas, narcisística). A máquina de rostidade (produção social do rosto), efetua uma rostrificação de todo o corpo, de seus entornos, de suas funções e de seus objetos. Se o rosto produzido socialmente é uma política, desfazer o rosto também será uma política.”
Deleuze e Guattari propõem abrir o corpo a conexões e territórios, buscar novas formas de expressão, experimentar em lugar de significar e interpretar, abrir-se às multiplicidades que nos atravessam e as intensidades que nos acorrem, tratar-se e tratar aos demais como fluxos e não como códigos, reinventar coletivamente os regimes de paixão, construir (com prudência e paciência, porém sem medo) fluxo por fluxo..
Tudo que tiveste imensa vontade de dizer e não pudeste expressar em palavras depois o mostrarás na cara. Este processo, que começa na família e logo se generaliza no resto dos grupos e instituições, o podemos pensar desde o conceito esquizoanalítico de rostidade
A rostidade é um processo de subjetivação definido por G. Deleuze e F. Guattari que nos permite pensar como se produz socialmente um rosto.
Construir um rosto, desde uma mirada repressiva, é uma das primeiras políticas que aprende uma criança: a abolição premeditada das coordenadas do corpo da criança, pelas quais passavam semióticas polívocas e devires multidimensionais, por um encouraçamento muscular atravessado pela repressão expressiva.
Na medida em que uma criança “faz corpo” com a repressão começa a construir um rosto adaptativo ao conformismo e aos requerimentos culturais. Esta máquina de rostidade (a produção social do rosto), efetua uma rostificação de todo o corpo, de seus entornos, de suas funções, de seus objetos. Por exemplo:
“nos EEUU a rostidade está inscrita na linguagem. Ser babeface implicará a capacidade de representar o papel de barbie-modelo-amante, talkingface dará conta de uma pessoa crível que poderá jogar como o político-vendedor-informante; scarface nos faz voltar aos guetos e aos submundos mafiosos; fuckingface tem sua tradução direta ao idioma espanhol. Em Buenos Aires uma das formas da rostidade se relaciona com a capacidade que tem os novos ricos de fazer-se ver: fabricando, desenhando e fazendo difundir sua imagem para consumo massivo. Uma das revistas argentinas de maior tiragem (Caras) é neste mesmo sentido, um paradigma de rostidade careta. Multiplicação da presença das caras e do rosto em lugares públicos (restaurantes, pubs, aeroportos, mansões, praias, etc.). A visibilidade social atual inaugura uma nova fronteira. De um lado os visíveis: os novos nobres, os conhecidos VIPs que tem acesso a La Pantalla (tela de projeção); do outro: os desconhecidos, os cholulos, os ignorados pelo lobby da imagem. Em nosso país (como não poderia ser de outra maneira) vivemos uma rostidade mais discreta, ainda que não menos influenciada pela maquinaria sociotécnica que atravessa mercantilmente a sociedade, buscando impor a expressividade codificada. Imaginem a crise de aprendizagem do político que logo depois de ser maquiado em sua fisionomia, estudado e treinado durante horas em sua linguagem e em seu discurso, em seu sorriso e em seus gestos, recebe como último conselho de seu assessor de imagem (e um momento antes de sair para as câmaras): <
É nesta perspectiva, de reconectar a expressão a natureza e aos fluxos da vida, que fazemos a articulação da Análise Bioenergética com a Esquizoanálise.
Obs: Estes conceitos e articulações serão explicitados durante o workshop.
Maria Zeneide Monteiro, Psicóloga; Psicoterapeuta reichiana; Analista Bioenergética e Local trainer/SOBAB;Analista institucional; Prof. do curso Formação em Clinica Reichiana/Sedes Sapientiae; professora do Inst. W. Reich de Vitória e do Taller de Estúdios y Análisis Bioenergético/TEAB/ Uruguay.
Luis Gonçalves,Psicólogo; Prof. da Universidade de la Republica/Montevideo; Coord. do Taller de Estúdios y Análisis Bioenergético/TEAB/ Uruguay; Especialização em Análise Bioenergética, Terapia Reichiana e EMDR. Prof. convidado do Sedes Sapientiae; Autor dos livros “Los Corpos Invisibles”, “Análisis Bioenergético. Devenires corporales de la clinica y de la pedagogia’’ y “ Arqueología del Cuerpo