Conceitos Básicos da Análise Bioenergética
ORGANISMO
Segundo Reich, a “existência do organismo vivo está ligada à sobreposição de dois sistemas orgonóticos de sexos diferentes”. Temos de admitir que não temos resposta para a mais simples de todas as questões: Qual é a origem da função da sobreposição de duas criaturas de sexos diferentes? Que significado, que “sentido” tem? Por que a perpetuação da natureza viva está ligada precisamente a esta forma de movimento e não a qualquer outra?
No organismo, o organismo vivo não é mais do que uma parte da natureza a vibrar; logo, o organismo é uma parte do Cosmos. O processo energético das coisas vivas ocorre pela pulsação. Lentos ciclos de pulsação podem ser analisados nos mais rápidos, onde um ritmo se superpõe ao outro.
Entende-se por pulsação a capacidade de o organismo vivo se movimentar expandindo e contraindo em determinado ritmo. A manifestação mais evidente desta força vital nos seres humanos é o movimento de expansão e contração que ocorre durante o ato de respirar. Na verdade, todas as células vivas respiram. Esta é a atividade pulsante básica da vida. A pulsação e o movimento para dentro e para fora de todas as formas de vida começam no nível celular.
O organismo é unitário, tem movimento de polaridades (dentro/fora, em cima/embaixo, corpo/mente, contração/expansão). O organismo pulsa, é vivo, é energético.
Cada ser é seu corpo. Através do corpo você se expressa e se relaciona com o mundo.
Corpo – é a existência manifesta de um organismo
Psique – inclui os processos mentais conscientes e inconscientes.
Soma – processos físicos
Mente – experiência interna do organismo.
Para Reich, existe uma unidade funcional nos processos energéticos do organismo, isto é, eles atuam em dois níveis: mental ou psíquico e físico ou somático, porém com a mesma significação no nível de funcionamento. Por exemplo, se uma pessoa tem uma expressão somática, isto terá uma correspondência em nível mental e vice-versa. Todos os processos biológicos, sem exceção, são caracterizados por esta antítese e pela unidade.
GROUNDING
A sensação de contato entre os pés e o chão é conhecida em Bioenergética com grounding, que representa o contato de um indivíduo com as realidade básicas de sua existência. Há diferentes graus de contato com o chão; se a pessoa estiver firmemente plantada na terra, identificada com seu corpo, ciente da sua sexualidade e orientada para o prazer, dizemos que esta pessoa está grounded.
O grounding consiste em quatro funções:
contato com o corpo;
contato com a terra;
contato com o psiquismo;
contato com a sexualidade.
O CORPO
O contato com o corpo requer a liberdade de movimentos em todas as modalidades de expressão. A pessoa que tem pés firmes no chão caminha graciosamente e pode expressar a agressão e o amor com movimentos apropriados.
A TERRA
Estar em contato com a terra quer dizer que a pessoa pode permitir que a energia flua de si para a terra e vice-versa. É a energia movendo-se de cima para baixo e de baixo para cima, como uma onda pulsante.
O PSIQUISMO
Os contatos com o corpo e com a terra são incompletos, a menos que a pessoa conheça seu caráter e possa integrar estas experiências ao passado. É preciso um conhecimento emocional daquilo que o corpo está expressando, tanto físico quanto psiquicamente, e que se entenda o que isso significa em termos de que é a pessoa e por que se tornou desta maneira. Ninguém pode se firmar no chão e nem trabalhar o passado sem esta compreensão.
A SEXUALIDADE
A função do organismo é ser a principal vida de descarga para o excesso de excitação energética e, por isso mesmo, uma das funções do prazer primário do organismo. Quando a pelve está bloqueada, o indivíduo não consegue ficar completamente firme no chão. Para estarmos adequadamente grounded precisamos estar respirando livremente, fazendo contato com os olhos e expressando-no através da voz, do movimento e da sexualidade, ou seja, precisamos estar em contato com o verdadeiro self.
CARÁTER
Segundo Alexander Lowen, caráter é a atitude básica com a qual o indivíduo confronta a vida, é o modo típico de uma pessoa conduzir sua busca de prazer. É também a forma com o indivíduo reage perante as situações que se lhe apresentam, ou seja, como se defende da dor. É, portanto, uma forma peculiar, repetitiva e habitual de resposta que estabelece, congela e estrutura uma atitude psicológica, emocional e corporal do indivíduo diante do mundo. Sintetizando, é a forma como a pessoa se reconhece e é reconhecida. O caráter descreve uma realidade objetiva. Ele pode ser facilmente observado por outros, mas somente com grande dificuldade é que o próprio indivíduo se conscientiza do seu caráter, pois ele está muito identificado com este, ele o toma como o seu “jeito de ser”.
Na verdade não poderia ser de outra maneira, visto que esta foi a forma de resposta que o indivíduo conseguiu construir para defender-se da dor e proteger-se dos ataques contra seu verdadeiro ser (self). Foi a sal forma de sobrevivência. Logo, sua energia não está totalmente disponível para a vida, mas grande parte dele está direcionada para se defender, ou seja, para construir e dar manutenção a uma estrutura de caráter. Nesse sentido, toda estrutura de caráter é patológica, pois torna o indivíduo menos flexível diante de situações novas, uma vez que limita a possibilidade de este se entregar aos seus sentimentos e de responder de forma mais espontânea aos estímulos de prazer e de dor.
O caráter estrutura-se no nível corporal sob a forma de tensões musculares crônicas, as quais bloqueiam ou limitam os impulsos em seu trajeto até o objetivo ou fonte. O caráter também é uma atitude pscológica que se escora num sistema de negações, racionalizações, projeções voltadas para a concretização de um Ego ideal.
Camada do Ego (mais superficial)
Projeção
Negação
Racionalização
Culpa
Desconfiança
Camada muscular
Tensão crônica
Camada emocional
Sentimentos reprimidos
Raiva
Medo
Pânico
Temor
Ódio
Camada centro (core – mais profunda)
Amor / Coração
Essência
A identidade funcional do caráter psíquico com a estrutura muscular é a chave da compreensão da personalidade, já que nos permite ler o caráter a partir do corpo e explicar uma atitude corporal por meio de seus representantes psíquicos, e vice-versa. O caráter de um indivíduo, manifestado pelo seu padrão característico de comportamento, é também delineado no nível somático, pela forma e movimento do corpo. Nossa postura corporal corresponde à nossa atitude perante a vida. Logo, da mesma forma como as vivências podem ser repetidas no aqui e agora.
Segundo Reich, a formação de caráter depende:
Do momento em que o impulso é frustrado, ou seja, se no começo ou no fim de seu desenvolvimento. Quanto mais precoce a frustração, mais completa a repressão. As frustrações precoces (da agressividade e do prazer nas atividades motoras) provocam um prejuízo considerável à atividade total, conduzindo futuramente à redução da capacidade de trabalho.
Da extensão e da intensidade da frustração, se repressora, se causadora de insatisfação, bem como da severidade de cada uma delas.
Quais os impulsos contra os quais a frustração principal está sendo dirigida, ou seja, qual o estágio do desenvolvimento da libido em que se encontra organismo no momento em que é aplicada a inibição.
Proporção entre frustração e permissão. O sexo da pessoa que exerce o principal papel de frustrador. As contradições da própria frustração ( por exemplo, no masoquismo, o exibicionismo é estimulado no nível anal e punido no nível fálico).
Texto elaborado para o Livro:
Guia de Abordagens Corporais Ed. Summus
MARIA CRISTINA PIAUHY SILVA MENDES
Analista Bioenergética/ Diretora Fundadora da SABBA
Supervisora e Local Trainer
FÁTIMA RUBIM
Médica e Psicóloga, Analista Bioenergética
Supervisora e Local Trainer