A dança com este cliente é muito particular porque ora envolve movimentos muito lentos, simples e regressivos, ora envolve movimentos fortes. O trabalho de descongelamento do medo e de criação de um espaço afectivo de aceitação incondicional que apoie a redescoberta da espontaneidade da criança tem sido o meu grande objectivo para este processo terapêutico. Faltou a este cliente o sentido da visão, o contacto de pele e o olhar atento dos pais direccionado para as suas necessidades vitais. A ausência de referenciais deixaram-no numa situação de medo permanente, sem orientação. Ajudá-lo a descobrir cada parte do corpo, os movimentos de gatinhar, de levantar e baixar, de levar à boca, de cuspir, de afastar e de chamar, de saltar e rebolar, de fazer sons, de tocar e explorar, de brincar, e a minha confirmação constante dessa descoberta, permite ajudá-lo a estruturar referenciais corporais e a aumentar o seu sentimento de existência. A pele também vê e, no contacto com esse espelho, a emoção surge. O seu “olhar” é de uma riqueza sem tamanho e tem-me ensinado muito a ver com os olhos de dentro!
Nesse dia o JM. trazia uma vivência profissional de humilhação e encurralamento. O seu relato foi breve, ao contrário do que acontecia na maior parte das sessões, e o tom da sua voz traduzia cansaço e desânimo. O seu corpo pendia como um fardo, com um olhar para um horizonte escuro sem norte nem sul. À minha frente estava um homem perdido e profundamente só. Quase uma inexistência. Fazia silêncio porque a inexistência não tem palavras. Senti uma profunda tristeza e um impulso enorme para o proteger. Ao mesmo tempo, tinha consciência de que aquele colo que eu lhe podia dar não teria a ressonância necessária. Seria preciso, simbolicamente, morrer e nascer de novo, para sentir o prazer e o calor de ser recebido com alegria.
Deitei-o e suportei-lhe a cabeça. Os músculos do pescoço pareciam cordas grossas. A tensão era fortíssima. Enquanto massajava os seus músculos, incentivava-o a soltar a voz. Apenas saía um sorriso defensivo e um riso de cócegas, ao mesmo tempo que encaixava o pescoço nos ombros e contorcia o seu corpo. Pressionava mais e ele continuava a contorcer-se de cócegas, com um sorriso de submissão. O JM. é um homem alto e forte, quase o dobro de mim. Pressionei ainda com mais força. A dor era visível, mas a sua atitude continuava a ser de submissão e de paralisação total. O que levaria este homem a não ser capaz de me tirar as mãos do seu pescoço e a submeter-se àquela violência sem qualquer resistência? Eu podia matá-lo se quisesse. Devolvi-lhe isso e ele respondeu: ”já senti esse medo. Tive medo que o meu pai me matasse”. “Como foi isso, JM?”, perguntei-lhe. “Um dia, ele agarrou-me pelo pescoço e levantou-me. Tive tanto medo que pedi desculpa por uma coisa que não merecia pedido de desculpa”, respondeu com aquele sorriso meio sarcástico. “O que sentiu?” “Humilhação e muita revolta comigo mesmo, por me ter submetido”. E o seu rosto encheu-se de uma enorme tristeza, apesar do sorriso persistente. Fi-lo respirar um pouco, nesse silêncio, para sentir mais. Todo o corpo apresentava uma tensão enorme, como se estivesse preso, encurralado, e não se pudesse mexer. Pedi-lhe que mobilizasse o seu corpo todo. E ele mexia-se pouco. Desistia facilmente, esperando as minhas instruções, como se o corpo não soubesse o caminho. Pedi-lhe, então, que esperneasse, esbracejasse e soltasse a voz. Ele fazia-o enérgica, mas mecanicamente. Simulei que lhe apertava o pescoço, como o pai o tinha feito. Pedi-lhe que sentisse um pouco isso, antes de reagir. Encolheu o pescoço e sorriu, submissamente. O corpo ficou paralisado. As mãos e os pés ficaram rígidos e levantados como uns olhos com medo. Incentivei-o energicamente a reagir depressa, agarrando as minhas mãos e afastando-me. Lembrei-o que ele tinha mais força que eu e que, se ele quisesse, eu não podia, nunca, sequer chegar perto. Ele fê-lo como um menino obediente e logo se punha a jeito para eu voltar lá com as mãos.
A imobilidade era de tal ordem que resolvi mudar a estratégia. Senti que era preciso levá-lo a fazer exercícios sem conotação emocional porque esta provocava-lhe um medo paralisante: exercícios de mobilização do corpo todo, num contexto lúdico e com instruções claras, estimulando-o a empolgar-se cada vez mais. De cada vez que sentisse uma parte do seu corpo a ser tocada, teria que a mexer ou sacudir. E fui criando, assim, uma série de situações a um ritmo crescente de velocidade, de uma forma distraidamente lúdica, e para que ele pudesse desmultiplicar a sua energia até ao ponto de reagir espontaneamente a uma investida mais violenta da minha parte, sem que ele tivesse tempo de se defender. Assim foi. Comecei por deixar cair almofadas em partes do seu corpo, toques subtis, toques mais fortes, toques diferentes ao mesmo tempo em partes diferentes do corpo, etc. A dada altura, “sufoquei-o” com almofadas, pondo-me toda em cima dele para o encurralar e ele desatou a sacudir-me. Insisti várias vezes, cada vez mais criativa na minha malvadez. Fui ao pescoço dele e ele segurou-me e empurrou-me logo a seguir, soltando um pouco mais a sua voz. Continuei a atacá-lo, sendo mais invasora, instigando-o a reagir com a mesma vitalidade. O cansaço era grande, mas ousei ir cada vez mais longe porque senti que o JM. ainda não tinha entrado em contacto com a raiva. Para além disso, era um menino bem comportado e faria o exercício mecanicamente, até ao fim da sessão, caso fosse necessário.
E nesta dança de pura sobrevivência, o meu instinto levou-me a apertar-lhe o pescoço com uma das mãos e a tapar-lhe os olhos com a outra. A sua voz soltou-se como nunca tinha acontecido antes e, com gestos largos, atirou-me, num só golpe, para o chão. “Boa, JM., boa! Nunca mais vai deixar que lhe façam mal!”. Respirava intensa e profundamente. O seu corpo movia-se, solto e harmonioso. O sorriso tinha desaparecido por completo. À medida que os minutos passavam, o seu rosto ficava com ar mais grave e o pescoço latejava como um coração acelerado. Devagarinho, coloquei-lhe a mão debaixo da nuca e pedi-lhe que olhasse na minha direcção. “Olhe para mim, JM”. A sua cabeça moveu-se, buscando o meu rosto e a tristeza profunda estava estampada no seu rosto e nos seus olhos brancos. Incrível como havia tristeza no olhar! Os olhos ficaram húmidos, mas não conseguia chorar. Tem uma dificuldade orgânica em chorar. A boca tinha uma expressão diferente.
O trabalho corporal intenso ajudara este cliente a sair da paralisação do medo, a mobilizar a sua energia de sobrevivência (raiva) e, finalmente, a sentir a tristeza. Tapar-lhe os olhos ao mesmo tempo que lhe apertava o pescoço actualizou a sua vivência de terror e deu-lhe a plena consciência da sua cegueira e da imensidão da sua desprotecção. Quando, no início da consulta, falou do seu encurralamento e de se sentir completamente perdido, e do seu corpo falar de tudo isso, não imaginava que o trabalho bioenergético pudesse levar-nos tão longe! Mas, entretanto, o seu pescoço foi-me falando desse encurralamento e os seus olhos, juntamente com a sua atitude corporal, de desorientação. O seu olhar branco, sempre em busca de algo, chamava-me a atenção. Havia ali uma barreira. Essa falta de contacto comigo perturbava a minha compreensão e o meu envolvimento empático. Fazê-lo olhar para mim, como se me visse, ajudou-me a estar mais próxima e ajudou-o a ele a conectar-se mais profundamente com o seu sentimento. Respirámos juntos, olhando-nos nos olhos da alma. A minha mão na sua nuca dava-lhe um grande sentimento de protecção e de confirmação da sua existência.
REVELAÇÃO
O P. é um homem de 40 anos, realizador de filmes de publicidade. É estrábico, tem uma flagrante assimetria nos olhos e tensões fortíssimas em todo o corpo. Em grounding, verga-se para a frente e para um dos lados, olhando por cima dos seus olhos estrábicos. Quando respira, franze a testa como se sentisse dor e abre a boca como um animal ferido e enraivecido. O som sai com dificuldade, como se fosse um grito de dor. Os pés são arqueados, mal tocando o chão, o pescoço é um bloco imóvel encaixado nos ombros erguidos e a respiração é superficial. As pernas são muito tensas e apresentam reduzida flexibilidade. Altamente sedutor e controlador nas suas relações, liga-se aos outros pela cabeça. Do ponto de vista psicológico, é também muito rígido e inflexível. Um dia, fiz-lhe o espelho da sua postura e ficou muito impressionado, dizendo: “não há integridade na minha postura”. Chamou-me a atenção um aspecto: procura alcançar, em tudo o que faz, a maior qualidade e pediu-me que o ajudasse a detectar as suas batotas.
Quando se movimenta em direcção a mim, vem aos ziguezagues, e pisca os olhos alternadamente como quem faz um jogo de esconde-esconde. Eu viro-me de frente para ele e ele foge outra vez, posicionando-se de lado para eu não o ver e ele me poder espreitar e manipular. Fico tonta e com uma enorme tensão nos olhos. Peço-lhe que me focalize e respire. Fica assustado e foge de diversas maneiras; fala imenso, coça a cabeça, revira os olhos de sono e boceja, pisa o chão com força para sentir mais os pés. Um desassossego. Defende-se com a conversa, sendo bastante eloquente e quase impossível de o deter.
Este cliente durante muito tempo não me olhava verdadeiramente. Quando falava comigo, desfocava. Um dia, encontrou-me num restaurante e não me reconheceu. Construiu uma imagem de mim que não era eu. Falava de mulheres que eram de uma maneira e, afinal, eram totalmente diferentes. Os seus olhos estavam tão desfocados que as suas percepções o enganavam. A sua consciência emocional era quase nula. Por baixo daquela capa de sedução e brilhantismo intelectual, percebi nele um medo de morte e uma raiva muito primitiva.
Tenho desenvolvido com este cliente um trabalho de consciencialização do corpo e de aumento gradual da vitalidade, bem como um trabalho sobre o contacto. É um trabalho subtil e, dado o enorme simbolismo deste cliente, os seus insights são imensos e ricos. Os olhos deste homem do cinema têm-me conduzido por inúmeros cenários onde nos temos encontrado e surpreendido.
Naquele dia, o P. estava aparentemente bem, sem nada de especial para trabalhar. Pedi-lhe então que olhasse para mim e respirasse, para percebermos melhor o que poderia precisar nesse dia. A dificuldade do contacto era evidente, pela desfocagem, pela falta de emoção no olhar e pela respiração superficial acompanhada de tensão nos ombros. No entanto, referiu que estava bem e que se sentia bem comigo, apesar de reconhecer o desconforto de olhar para mim.
Propus-lhe um trabalho sobre a construção do vínculo ao longo da primeira infância. Iríamos situar-nos no tempo em que ainda não havia palavras e a relação se estabelecia ao nível sensorial e emocional. Regressaríamos ao tempo em que se aprende a empatia, através da sincronização do olhar, da respiração, dos movimentos, numa dança amorosa e prazenteira. O tempo em que o olhar da criança é enorme e lúcido, capaz de compreender todas as verdades e todas as mentiras. Faríamos um regresso à idade da inocência. Ficámos sentados frente a frente, em contacto visual e sincronizando a respiração. A assimetria do seu olhar estava muito acentuada. Esta situação provocava no P. uma necessidade imediata de fuga, pelo que lhe sugeri que pusesse as mãos à frente e, atrás dos dedos, espreitasse a mãe, em segurança. Eu não o veria, mas ele poderia ver-me e olhar-me nos olhos sem medo, explorando o olhar da mãe e o seu próprio. Assim o fez. Percebi que ele estava a tirar partido da experiência, brincando e colocando as mãos em diversos ângulos. Deixei-o ficar bastante tempo, enquanto o meu olhar se mantinha caloroso. Percebi que ele estava confiante, provavelmente por estar em contacto mas poder controlar sem ser controlado, e que poderíamos passar à etapa seguinte. Agora, o objectivo era ele captar o olhar da mãe distraída e desatenta. O estrabismo deste cliente e a sua fuga sistemática ao contacto intrigavam-me. Seria o olhar da mãe aterrador? Para onde olharia ela quando tratava do seu bebé? E decidi explorar. Comecei por estar apenas distraída, olhando para o lado. Ele buscava o meu olhar insistentemente. Assim que eu correspondia, esboçava um sorriso de satisfação e imediatamente começava a fazer macacadas defensivas. Nesse momento, eu voltava a olhar para outro lado e ele voltava a buscar-me insistentemente. Eu fugia cada vez mais, para o estimular. Percebi que o P. estava a gostar da brincadeira e que ainda não tínhamos tocado no ponto crucial. Mas deixei-me levar pela brincadeira, para que ele entrasse cada vez mais no exercício e não tivesse necessidade de controlar racionalmente este trabalho. A dada altura, quando ele conseguia que eu olhasse para ele, ousei fazer olhares diferentes. De zanga, de tristeza, de medo e outros mais brincalhões. Ao olhar de zanga, tristeza e medo ele respondia com brincadeira, para me demover, e com uma zanga estudada e fingida. Ao olhar brincalhão, respondia com brincadeira.
Continuava a sentir que o contacto conseguido era muito superficial e que as reacções do P. aos meus olhares eram mais ou menos defensivos. Nenhum daqueles olhares lhe provocavam medo ou descontrolo. Todos eles envolviam contacto. Teria que experimentar a ausência de contacto, mas olhando para ele. Teria que desfocar o meu olhar como ele o fazia e, quem sabe, a própria mãe. Assim fiz. Via apenas uma mancha e senti no meu corpo uma energia muito reduzida. Senti-me como se não estivesse ali. O P. teve uma reacção absolutamente surpreendente. Agarrou em mim com força, como se tivesse garras e desatou a gritar. Mantive o olhar desfocado e deixei que ele desesperassse mais. O seu grito era cada vez mais intenso e a força com que me agarrava, maior ainda. Depois, foquei-o e vi o seu olhar plenamente em contacto, desesperado como uma animal ferido e a pedir socorro. Um misto de medo, de raiva e de apelo de sobrevivência. Fiz um olhar atento e protector, mas ele não via. Continuou a abanar-me, cada vez mais zangado e próximo, enfiando as garras nos meus braços. Os seus olhos ficaram enormes, os dois do mesmo tamanho, e completamente focados. O estrabismo desaparecera quase por completo. Eu continuei presente, para que ele pudesse deixar de ter medo e se permitisse zangar sem sentir perigo. Isto durou uns minutos. Quando a raiva assumiu proporções mais violentas, parou bruscamente o exercício, afirmando espantado: “Goretti, isto mexeu mesmo comigo. O seu olhar era aterrador! Senti-me desamparado e terrivelmene zangado, como se estivesse a correr perigo. Foi forte. Que exercício! Parabéns, Goretti!”. Não resistiu a elogiar-me. “Sabia que o seu olhar é igual a esse olhar? Sinto muitas vezes que não me vê e que o seu contacto comigo é muito superficial”, retorqui-lhe com serenidade e firmeza. Ficou sem palavras, olhando para mim e, de repente, percebi-lhe uma tristeza. O P., que tem sempre um argumento e uma racionalização a fazer, ficou sem palavras. A seguir, Falou das sua relações com as mulheres e compreendeu que sempre foram funcionais. Desfazia-se em gentilezas, mas isso não eram mais do que manobras sofisticadas para as manter à distância e controladas. Conduzia as relações pela cabeça, sendo o mais perfeito dos homens, mas não sentia nada e as necessidades delas não eram sequer tidas em conta, tal como a mãe fazia com ele. Nesses processos sofisticados de manipulação, não olhava para elas, para além de escolher sempre mulheres dependentes e com baixa auto-estima que receavam não estar à sua altura. Um dia, uma delas, por quem pensou ter-se apaixonado, foi-se embora e ele perdeu o chão. Foi nessa altura que procurou a terapia.
Pedi-lhe que olhasse para mim. Os seus olhos mantinham-se mais vivos e centrados, apesar da evidente tristeza. Devolvi-lhe o quão gratificante era vê-lo assim tão integrado e tão perto de si próprio. De mim, também estava mais perto porque percebia agora que não se defendia, nem me tentava agradar. Nesse instante, segurou-me nas mãos e percebi-lhe uma ternura verdadeira no olhar. “Obrigada, Goretti. Foi muito bom ter sentido e compreendido um pouco mais. Mas acredito que talvez nunca seja capaz de mergulhar na intimidade com alguém. Isto é possivelmente o mais longe que conseguirei ir.”
Nestes momentos de verdade, sinto que o silêncio e o olhar empático são a única coisa a fazer. É preciso aceitar que os nossos clientes possam não ir tão longe quanto gostaríamos. E nesse momento de verdade, encontrei-me também com a minha própria tristeza, com a minha impotência. Fiquei um pouco com a minha criança interna, a recordar os meus sonhos de amor e as minhas separações, compreendendo que nem sempre é possível para o outro confiar e deixar-se amar. Serei eu capaz também?
Hoje em dia, é interessante constatar como o P. tem modificado o seu olhar sobre a vida. Consegue olhar para os olhos dos pais e vê-los a eles, distanciadamente, sem ressentimento. Muitas vezes, deambula pela cidade, observando as pessoas e vendo coisas pela primeira vez. Teve um período em que nem conseguia formular muito bem as suas ideias. A eloquência que lhe era peculiar deu lugar ao ver e ao sentir, e parecia fascinado. Entretinha-se a observar o rosto de velhos amigos e descobriu que eles eram totalmente desconhecidos e que, com o passar dos tempos, não tinham rigorosamente nada a ver com ele. A coisa mais extraordinária é que descobriu que uma determinada mulher, a quem reconheceu desde sempre uma beleza inigualável, era de facto feia e desarmoniosa e que foram os seios grandes e o colo de mãe que o encantaram e o cegaram. Hoje em dia percebe que aquele padrão já não o seduz e que os amigos tinham razão quando lhe diziam que ela não era assim tão linda! Um dos seus passatempos favoritos é brincar com a sua sobrinha de um ano. Observa-a intensamente e brinca com ela, com o olhar. Promove o vínculo e, com isso, cura um pouco as suas velhas feridas. Está também mais sozinho, mas menos só. O trabalho sobre o olhar conduziu-o ao seu próprio coração e fê-lo compreender melhor a natureza e a qualidade dos seus vínculos. Percebeu que alimentou, durante anos, relações funcionais e sem rosto e que a separação faz parte do vínculo. Percebeu também que o seu coração tem feridas demasiado profundas para que algum dia seja capaz de conhecer a verdadeira intimidade, mas que está a aprender a ser mais íntegro e verdadeiro nas suas relações. A grande mudança reflecte-se nos seus filmes que deixaram de ser idealizados e passaram a ser mais reais.
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Eu estou emocionada com cada texto que leio, estou num trabalho terapêutico e corporal também, já tive bastante resistência e cheguei a ficar brava e sair da terapia mas retomei agora e vejo como eu preciso cada vez mais desse trabalho e de me descobrir. Hoje sou grata e amei ler esses relatos. Quero ter a oportunidade de ler mais.