Ron Robbins, PH.D. –
Uma introdução1
A emoção encobre o tema: a lógica clara e fria ganha o dia . . . . É fácil fazer justiça, mas díficil fazer certo. (De o Garoto Winslow2)
Esse artigo posiciona o caráter anal e seus potenciais analíticos positivos dentro das principais correntes de estruturas de caráter como descritas em Análise Bioenergética3. Existem tanto razões práticas como teóricas para esta inclusão4. Por ela, a Bioenergética tanto considera quanto expande uma teia de entendimento iniciada na Psicanálise5 e continuada com Reich6, e permite a conexão com um largo corpo de material clínico e teórico.
Nessa apresentação, as limitações de espaço apenas permitem uma introdução geral do tópico da analidade e da análise: uma apresentação bioenergética de relevantes dinâmicas físicas; consideração de traumas formativos; e alguns materiais de caso ilustrativos. O balanço desse trabalho, cobrindo diagnósticos diferenciais, métodos terapêuticos relevantes, e extensivos exemplos de caso podem ser encontrados no artigo completo no Website do IIBA: www.bioenergetic-therapy.com
Que a análise se tornou o maior modo de fornecer ajuda psicoterapêutica é talvez um acidente de história. Existem muitas formas de se ajudar o outro além de se pensar sobre ele, toda uma lista de possibilidades. Uma pessoa pode fornecer poderio energético, segurança, limites, NUTRIÇÃO, suporte. Uma pessoa pode trabalhar junto a uma outra numa tarefa difícil, servir como um modelo, prover mudanças feitas para o fortalecimento. Mas Sigmund Freud foi a influência seminal na campo da psicoterapia, e sua ênfase foi na análise. Ele tinha começado seu trabalho como biólogo. Quando seu interesse se converteu para a psique humana, as lentes pelas quais ele olhava tinham sido já bem desenvolvidas pelo treinamento científico.
Da maneira dos cientistas, Freud observou dados e os analisou. Ele os decodificou, agrupou e classificou. Depois, ele logicamente organizou os elementos em teorias. Procurou por provas, e discriminou entre o que via como fatos e o que eram hipóteses. O resultado foi um esquema abrangedor de entendimento dos fatos do pensamento, da emoção e do comportamento humanos.
Dentro da verdade de seu método, Psicanálise (psycho-”análise”) deveria ser uma “ciência” da humanidade. Freud reconheceu outros modos que poderiam ser mais eficazes em ajudar as pessoas. Ele mencionou, especificamente, a fé religiosa que acompanhava os milagres que ocorreram em Lourdes. Mas sua crença e dedicação à ciência permaneceu como o coração da forma como ele atacou os problemas que via. A psique humana estava para ser explorada, e tratada, pela análise.
O Caráter Analítico
O que é o processo analítico, e onde em nossos corpos se aprofundam suas raízes?
Como alguém interessado na integração do ser, corpo e comportamento à medida em eles se desenvolvem dentro do Ciclo Rítmico da Mudança, a questão da fonte da análise como uma função humana, e também a de seu lugar na organização da personalidade, se torna vitalmente importante7. Repare brevemente na maneira de proceder do analista.
Um analista hábil é capaz de se remover das emoções do momento. Aparentando-se desapaixonado, a energia parece ir completamente para os processos mentais. O objetivo é discernido. “Os fatos, nada mas os fatos”, são o que importa e são o que se vê.
Tais procedimentos pedem a capacidade de delinear e isolar os elementos do fluxo da experiência, e de neles se agarrar como a única informação. Então eles precisam ser agrupados, ordenados, classificados e avaliados. Essas habilidades estão por detrás do trabalho do analista no entendimento do mundo. Outras maneiras de conhecer intuições espirituais, insights criativos, senso comum, experiência pessoal, consciência alerta emocional, ensinamentos das autoridades, parecem impróprios pelo disciplinado ponto de vista da tarefa analítica.
O Caráter Anal e o Analítico
O Caráter Anal foi o primeiro tipo de caráter patológico a ser descrito pela Psicanálise. Em “Caráter e Erotismo Anal”,8 Freud observou que o senso de ordem, a parcimônia e a obstinação estavam presas a uma experiência corporal comum. A esse padrão ele chamou “erotismo anal”.
Janet9 listou uma gama de características que acompanhou e ampliou a lista de Freud. Ele via pessoas organizadas analmente como envolvidas em padrões de comportamento repetidos e previsíveis. Ele sugeriu que eles eram “…dependentes e confiáveis e possuidores de altos padrões e valores éticos,” e ele acrescentou que eles eram “práticos, precisos e escrupulosos em requerimentos morais.
” Muito da descrição de Freud e Janet se aplica à função do pensamento. As palavras seguintes pinçadas das descrições acima são positivamente associadas com o pensamento analítico hábil:
Ordem, Parcimônia, Obstinação, Previsível, Dependente, Confiante, Preciso
Esses traços são de valor crítico no procedimento científico. A ciência tem a ordem, e a parcimônia (a explanação mais simples para incluir certo número de fatos) como centro. Para a ciência avançar, a ordem, uma vez delineada, se mantém com rigorosa obstinação. Se um elemento de uma estrutura de explanação é alterado, todo o argumento pode ser destruído. Melhor segurar-se obstinadamente ao argumento, e pedir um corpo persuasivo de evidência contraditória antes de se submeter ao que acrescenta.
Mas e quanto às outras palavras na descrição de Janet: “altos padrões, valores éticos, escrupulosos em requerimentos morais”?
Padrões, ética e moral certamente se relacionam proximamente entre si. O dicionário os tem como sinônimos. Como eles se encaixam com o analisar e com o Caráter Anal?
A resposta se torna clara quando olhamos para a qualidade da ética e da moral envolvidas. A literatura caracteriza os valores formados pelo Caráter Anal como criando uma “moralidade do esfíncter”. Esse tipo de moralidade é limitado a simples pólos categóricos: por exemplo, julgamentos “bom/mal”. As decisões anais são rapidamente feitas na base do óbvio. As motivações por detrás não são fatoradas: julgamentos são preto ou branco, verdade ou falso. Isso dá um senso de certeza. A certeza é maior quando não há graduações de decisão e indecisão. O cinza é ausente.
A moralidade assim formada falha em considerar a complexidade das situações. Sombras e suas nuances, e níveis de explanação e apresentação não são admitidos. A inadequação de tal ética e moralidade simples nas relações interpessoais é bem demonstrada numa série de interações que começaram numa noite durante uma seção de um grupo de terapia entre dois participantes: Judd e Barry.
Judd freqüentemente manifestava traços anais. Quando assim fazia, era obsessivo e ritualista. Pelo lado positivo, ele tinha uma grande fé na verdade. De fato, seu amigo Barry o honrava por isso.
Judd considerava Barry um amigo próximo. Mas como muitos no grupo, ele era quase sempre submisso ao estilo dominador e intimidador de Barry. Barry era o tipo do agressor com o qual os outros se identificavam, para evitar perigos. Era apenas nas momentos mais seguros que Judd gostava de considerar Barry.
A presença da vulnerabilidade de Barry fez a sessão aqui considerada um momento daqueles. Barry tinha liberado uma área de resistência, regredido e diretamente exposto ao grupo pela primeira vez uma parte de fraqueza infantil.
Judd e Barry, como sempre faziam, saíram para o lanche de depois da sessão. No conforto da comida compartilhada, Barry se permitiu ir mais fundo. O homem neuroticamente dominante, se sentindo seguro, falou sobre seu medo. “Penso que em toda minha vida eu tenho estado aterrorizado,” ele disse em busca de simpatia.
Judd, no entanto, agora se sentindo pessoalmente seguro, respondeu com voz forte: “Eu não acredito em você.” Judd martelava no tema: “o homem forte não podia ter medo”.
Barry, de guarda baixa, ficou profundamente ferido pelo desentendimento, e pelo ataque. Ele tinha sido, afinal, causticamente, e zangadamente, acusado de falsidade. Sem vantagem no protesto, ele se voltou para dentro, enquanto o ataque continuava.
Na próxima sessão de terapia, Barry confrontou Judd com sua dor, raiva e senso de traição.
Judd se defendeu resolutamente, “Eu apenas disse minha verdade. Você diz gostar da minha veracidade.” Ele continuou: “Eu me sinto forte e bem dizendo isso, eu ainda não acredito em você.”
A posição física de Judd era orgulhosa, e rigidamente ereta. Moralmente ele se sentia certo. Não havia reconhecimento da contínua dor de Barry, nem desculpas por causá-las, nem impulsos para cuidar ou curar, nem conhecimento do que sua atitude poderia significar para o relacionamento. Suas próximas sentenças adicionaram sal à ferida.
À medida em que o corpo de Barry se endurecia, ele se retirou da interação.
A visão de Judd se manteve categórica e limitada, a verdade era a verdade, nada mais importava. Ele se apegou ao seu “alto padrão”, e era incapaz de checar a realidade do que estava rotulando absolutamente como verdade, e sempre. Moralidade do esfíncter, com sua percepção limitada, estava operando. Analidade limitava a perspectiva da análise de Judd, mas suas sensações corporais cresciam fortes através da expressão da sua posição de direito: a adrenalina circulava; havia alguma descarga sádica; ele gostava do sentimento.
Apenas houve uma mudança quando perguntei perto do fim da noite, “Como você imagina que se sentirá mais tarde nessa noite sobre esse encontro quando você estiver sozinho?” Então a arrogância de Judd se enfraqueceu. Ele cresceu na quietude. Haveria conseqüências.
Judd tremeu levemente, acordando para uma nova realidade: “Penso que muito mal … imagino o que isso acarretará para nosso relacionamento”.
Ações do Esfíncter
O termo “moralidade do esfíncter” sugere que os esfíncteres são músculos chaves no entendimento da análise. Através do abrir, e do comprimir, eles ajudam a suprir parte dos meios de controle, que afetam o funcionamento analítico tanto no nível psíquico quanto psicológico.
Nosso corpo e sua dinâmica energética são o centro de como nossa mente e psique funcionam. Análise envolve digestão. Digerimos o conteúdo. Há muito a se aprender sobre o pensamento analítico pelo estudo do processo análogo de digestão da comida.
Vamos olhar para isto.
A comida é digerida através do longo tubo mais interno que começa nos lábios e termina no ânus. Lábios e ânus são músculos circulares, esfíncteres. Entre eles há um longo tubo que inclui mais esfíncteres, outros tipos de músculos circulares, bem como válvulas. Juntos, a abertura e fechamento desses músculos de controle compartimentalizam o tubo mais interno de nosso corpo, destruindo a forma original daquilo que digerimos, reduzindo-a a serviço do processo digestivo.
Os músculos de controle servem como guardiões da entrada de uma série de segmentos maiores: boca, estômago, intestino delgado (logo reduzido a duodeno, jejuno e íleo), intestino grosso e reto. O primeiro portão de entrada está nos lábios. A abertura permite à comida entrar no corpo. Os próximos portões, os esfíncteres cárdico e pilórico, servem como entrada e saída do estômago, para os intestinos.
Dentro dos intestinos o total de segmentação aumenta grandemente. Aqui músculos circulares formam e deformam numa longa série de compartimentos menores. Esses diminuem e agitam o movimento da comida (mais literalmente, do quimo) de modo que possa ser misturada com mucos, enzimas e hormônios. Mais abaixo da linha eles apertam para selecionar. No intestino delgado, através do processo de análise e julgamento fundamental e mais sutil, a osmose faz o julgamento final daquilo que o corpo precisa, permitindo sua passagem através de membranas para ser transportado a áreas onde a nutrição é requerida.
Toda a função do processo do tubo mais interno é analítica: tomar o material, segurar para consideração e revisão, quebrar em menores elementos, agrupar por uso e desuso, selecionar e assimilar o que preenche, descartar o que não preenche. Os músculos de controle ordenam e regulam a sincronia e o movimento através dos segmentos que eles governam. Toda a organização é profunda, com um desenho estrutural compartimentado em espaços maiores, e se torna mais sutil, fina e específica em suas considerações quando se move por seus sub-níveis.
Músculos de controle, entretanto, não estão limitados ao tubo oral/anal. Esfíncteres propriamente são encontrados como parte, tanto quanto em volta, do olho. A pupila é um músculo esfíncter que automaticamente se ajusta para regular o total de luz que vem para dentro. Estreitando outro grupo de músculos esfíncteres, aqueles que envolvem o globo ocular, nos permitimos reduzir o campo de nossa visão e aguçar nossa percepção. Alargando-os permitimos nossa visão se expandir pelo caminho para a abertura ampla. Através do uso dos olhos para controlar o que entra no corpo, esfíncteres, como fazem no tubo mais interno, regulam o que e o quanto é tomado e o que no ambiente eventualmente irá ficar disponível para ser digerido.
Embora realmente não sendo músculo esfíncter, a camada externa de músculos esqueléticos que movem nosso corpo pode contrair e firmar em uníssono. Funcionando como um todo, de modo parecido com o esfíncter o músculo esquelético pode ser usado para apertar todo o corpo com força. Essa força, mimetizando o efeito de tipo circular dos esfíncteres, pode ser usada para suportar o processo digestivo. Isso pode ser observado num corpo firmemente retesado durante uma eliminação difícil.
Mais pertinente ao nosso entendimento do caráter analítico, usar o músculo esquelético externo para se segurar em uma posição geralmente contraída é parte da dinâmica física que marca a presença do caráter analítico. Isso é bem caracterizado na descrição de Basil Rathbone do grande analisador Sherlock Holmes. À medida em que ele pisa o chão com seus olhos firmemente apertados, seu corpo estreito se comprime. Intensamente ele traz sua consciência, mesmo seu corpo inteiro, para o foco preciso do campo estreito que é seu interesse.
Uma descrição genuína da postura analítica foi escrita pelo Professor Richard Dawkins:
Anos atrás, numa aula tutorial em Oxford, eu ensinava a uma jovem mulher afetada por um hábito incomum. Quando perguntada sobre uma questão que requeria pensamento profundo, ela apertava seus olhos fechados com força, jogava sua cabeça para seu peito e então se congelava por até meio minuto antes de olhar para a frente, abrindo seus olhos e respondendo à questão com fluência e inteligência. Eu achava graça nisso, e fiz uma imitação da coisa para divertir meus colegas depois do jantar. Dentre eles estava um distinto filósofo de Oxford. Tão logo viu minha imitação, ele imediatamente disse. “Isso é Wittgenstein! Por acaso seu sobrenome não é ____?” Surpreso, eu disse que era. “Eu pensei que fosse,” disse meu colega. “Ambos seus pais são filósofos profissionais e seguidores devotos de Wittgenstein”. O gesto tinha passado desde o grande filósofo, via um ou dois de seus pais, para minha pupila.10
Dawkins usa a estória para dar suporte a suas noções da meme, um padrão básico que uma vez formado ganha vida própria, e se move pelo tempo e através de culturas. Exemplos de memes freqüentemente vem de idéias, frases de efeito, metodologias, etc., que uma vez existindo se espalham contagiosamente. Nesse exemplo, tão belamente descritivo da postura física que temos descrito, Dawkins chama ao padrão físico de meme. Tocar na relação física com o psicológico a traz para os arredores da teoria do psicoterapeuta corporal.
Nosso entendimento dos aspectos físicos do processo analítico sugere uma explanação diferente daquela oferecida por Dawkins.
De nossa descrição do caráter analítico, Wittgenstein, um dos mais importantes pensadores do século XX, não é simplesmente a fonte de um modelo cultural de comportamento copiado (nem ele mesmo uma imitação de um corpo retraído, cabeça caída nas mãos, personificação de “O Pensador”). Em vez disso ele está manifestando a posição característica do Analisador, a assumida mais ou menos por qualquer um que se encaminha pelas necessidades do contrato com o pensamento sistemático profundo.
Mais que chamar a essa posição de um padrão que é culturalmente imitado e disperso, devemos dizer melhor que é um padrão que marca o suporte físico da produção do pensamento analítico, reproduzido novo, ao todo ou em parte, sempre que ocorra o pensamento profundo. Existe, contudo, uma estrutura oposta para considerar esse firme e controlado padrão analítico. Ela também se relaciona com os músculos de controle. Quando eles se tornam soltos e dilatados, impulsos, emoções e movimentos ficam livres para fluírem para fora. As diferenças, firmar e dilatar, marcam as expressões “retentivas” e “expulsivas” que Freud delineou como dois aspectos diferentes do Caráter Anal. O caráter Anal Expulsivo, apenas mencionado de passagem aqui, será considerado depois.
Desenvolvimento Traumático dos Músculos de Controle
Uma criança primeiramente traz os esfíncteres de seu corpo ao controle do comportamento consciente como uma resposta às demandas culturais do treino do toalete. A fórmula é “segurar aqui” e “soltar lá”. As regras podem ser ensinadas verbalmente, através do hábito de treinamento, ou por modelagem. O trauma ocorre se as regras são ensinadas muito cedo ou muito tarde; muito dolorosamente ou muito prazerosamente.
Alguns exemplos:
Uma mulher firme, aparentando analidade, falou sobre o treino de sua filha. “Foi fácil,” ela disse, e “muito útil também.” Ela não queria bagunça.
Para ter sucesso, ela simplesmente seguiu sua observação de que sua criança murmurava antes de seu intestino movimentar para a fralda.
O murmúrio, a mãe notou, se tornou seu sinal para levar a criança ao banheiro11. Ela tinha que se mover rapidamente para ficar certa de que as fezes iriam para onde ela desejava. Depois de várias experiências desse tipo, a criança foi colocada no toalete mesmo antes do sinal. Bem-condicionada, sua filha soltava de modo pontual. A criança, sob o controle de um estímulo externo, assim era “treinada”.
Ouvindo essa mãe conversar sobre como ela tinha treinado ao toalete sua criança, primeiramente eu foi tomado pela lógica com que tudo foi apresentado; com a facilidade e falta de conflito com que aquilo tinha acontecido. Eu fiquei chocado dentro de um silêncio surpreso, no entanto, quando foi anunciado que, naquele tempo, sua filha tinha apenas quatro meses de idade.
O que tinha parecido bem maravilhoso, agora era sentido como uma larga distorção no processo de educar a criança, algo fora de ritmo com o natural.
Objetivamente, o que estava errado ali? O que a mãe pedia, e recebia de sua criança, era que a contenção frente à resposta instintiva para soltar tinha que ser feita sem a maturação fisiológica dos esfíncteres anais. À precoce idade de 4 meses, isso não podia ser desenvolvido até o ponto em que eles poderiam ser empregados com sucesso daquela forma. A maturação muscular não viria, de fato, até algum tempo entre o seu primeiro e o seu segundo ano. Outro sistema de musculatura teria de ser usado de maneira incomum.
12 Assim, em vez de empregar um padrão de treinamento que era mais eficiente para o corpo e a psique em desenvolvimento, um uso anormal e estranho da fisiologia foi ensinado para reter, controlar e soltar com uma demanda do ambiente. Não havia decisão por parte da criança nesse controle, nenhuma resposta individual para um estímulo interno. Dependendo repetidamente da participação e movimento ativos da mãe para levá-la ao toalete, não havia também nenhum evento de regulação própria no caminho da autonomia pessoal.
Eu não vi essa criança, então não posso dizer com certeza que seu treinamento causou distúrbio no funcionamento psicomotor, ou exatamente como o corpo da criança o fez. Eu posso dizer que tenho visto outras que, até adultas, seguram as musculaturas da área anal e das nádegas muito além do preciso num tipo consistente de super-controle que interfere no modo natural de mover a parte de baixo do corpo. Por experiência, eu faria a hipótese de que, sem experiências corretivas, essa criança provavelmente sofreria problemas de controle como adulta.
Tal super-controle como vemos aqui instituído pela mãe, produz tensões crônicas improdutivas que interferem com o livre e completo movimento energético que se estende desde o centro do corpo até a sua parte de baixo. Existe um termo popular no vernáculo para a forma constrita do comportamento “anal” freqüentemente associado com esse tipo de padrão físico: “tightassed”. A situação física é remontada psicologicamente. Temas pertinentes a controle – medo de ser controlado, controlar outros, e dificuldade de se soltar do controle – vem representar um papel exagerado no funcionamento geral.
O treino do toalete por esta mãe foi para a criança precoce demais para desenvolver o comando de si através do controle de seu corpo. Se tal treinamento precoce pode perturbar o funcionamento, o mesmo ocorre com o treinamento que vem tarde demais.
Um exemplo:
Um garoto de nove anos, cujos sofrimentos neuróticos eram suficientes o bastante para o colocar num centro de tratamento residencial para crianças com distúrbios, foi apresentado em um seminário clínico.
A conferência focou em um problema com o qual a equipe que cuidava da criança estava muito preocupada. Eles eram incapazes de evitar que a criança sujasse a si mesma. O seu “erro” nunca era grande. Consistentemente, no entanto, uma pequena quantidade de fezes era encontrada em sua ROUPA de baixo à noite.
A equipe, seguindo a pista óbvia, tinha-o pressionado a usar de controle: ficar alerta, e se conter. Parecia para eles como se ele estivesse quase pronto, quase no ponto de estar completamente treinado ao toalete. Mais um pouquinho de esforço deveria trazer o sucesso. A criança deu duro. Não adiantou. O comportamento continuou. Mais precisava ser conhecido.
A história social era clara: o problema tinha sido lançado por um trauma. Os pais do garoto não tentaram treiná-lo até que ele tinha quatro anos de idade. Com a proximidade da época da escola, e sentindo-se pressionados para que sua tarefa fosse completada, eles iniciaram de modo intenso. A força da criança em resistir ao procedimento levou à desesperação. Eles finalmente foram tão longe ao ponto de empurrar seu nariz até suas fezes – “para ensiná-lo a se segurar”. Isso trouxe resultados rápidos.
Ao ouvir à discussão da equipe de cuidado da criança, e à história social, parecia evidente que algo não estava sendo ouvido. O problema da criança não parecia ser falta de controle. A eliminação consistente e regular de só uma pequena quantidade de material fecal não sugeria que o controle não estava disponível. De fato a regularidade era muito consistente e exata. A repetida ROUPA suja parecia mais exatamente ser resultado de algo que causou um padrão aprendido de super-controle a deixar passar.
Isso foi confirmado pelo exame médico e de raio-x, que foram feitos para determinar se havia uma razão fisiológica para o problema da criança.
Foi descoberto que grandes porções do intestino dessa criança estavam impactados com fezes. Em vez de ir ao toalete, ela segurava a eliminação dia após dia. Muito devagar, no entanto, o material fecal era forçado até sua ROUPA. Seus intestinos por fim venceram sua maneira aprendida de fazer as coisas, venceram o considerável esforço muscular que seu corpo estava fazendo para reter.
O treino ao toalete, aqui, tinha sido tarde demais, e muito duro. Muito do seu desenvolvimento muscular suportava o intenso aperto do esfíncter. Todo seu corpo parecia estar envolvido. O encorajamento ativo para ele relaxar e soltar seu nível geral de contenção, pouco a pouco, o ajudou a superar seu problema.
Nós exploramos duas possibilidades errantes no treino ao toalete: erro de tempo e dureza. Outro fator também pode influenciar o modo com que os músculos do tubo mais interno trabalham. Esse fator foi importante no caso de Susan.
Susan apresentou um tipo diferente de problema, desenvolvido pelo prazer da super-excitação. A área de seu esfíncter tinha sido estimulada erotogenicamente. Como uma criança pequena ela tido verminose. Sua mãe regularmente, gentilmente, penetrava seu ânus para remover parasitas. Susan falou desse incidente muitas vezes em terapia, sempre com um ar distante, de prazer e mesmo romântico. Falar de deixar-se soltar trouxe à sua consciência a natureza erótica desses contatos entre ela e sua mãe. Ela veio a sentir seu esfíncter anal como a área chave de síntese entre o amor e a sexualidade. Conflitos entre a natureza erótica do ânus resultaram em freqüentes perturbações gastrointestinais.
Os Músculos de Controle e Traços de Caráter Analíticos
Tendo enfatizado a importância dos músculos de controle e mostrado como efeitos ambientais podem interferir com a maturação e o funcionamento normais, o foco deste artigo agora considera o desenvolvimento psicológico dos traços analíticos.
A cena do treino ao toalete põe temas de analidade juntos num mesmo lugar. Há interesses sobre posse, tempo, ordem e detalhe. Há uma aspiração à parcimônia, e a criança aprende a lidar com a experiência corporal simplesmente de modo culturalmente dirigido. Com os músculos de controle saudáveis e se movimentando de modo regulado, resíduos podem ser eliminados de modo fácil e adequado, sem grandes fanfarras, dramas ou conseqüências. O treino e os padrões culturais aprendidos do ambiente podem mostrar uma integração com o que é natural para o corpo. Mas dados do ambiente agindo sobre a expressão do corpo natural podem tirar do curso o fluxo da vida e influenciar fortemente a psicologia que se desenvolve. A interação das expectativas de fora com os movimentos do corpo levanta questões e interesses.
A eliminação das fezes será feita de modo ordenado e pontual? Os esfíncteres serão seguros obstinadamente? O indivíduo será capaz de julgar quando a eliminação pode ser feita, assim ganhando a resposta de “bom”, ou ele ou ela irá falhar, assim sendo “mau” ou “má”? A pessoa ficará perdida na sua própria análise, querendo dizer se precisa ir ou se é hora de ir? Será que ficarão confusos tendo que responder a diferentes mensagens, com pais que dizem “vá agora” quando o corpo não dá nenhum sinal nesse sentido? Se rebelarão contra a tentativa de fora de controlar, desconstruindo a ordem com expulsões fora de hora? As sensações da área anal serão diferenciadas daquelas de perto das áreas genitais?
Essas questões sugerem as fortes ligações entre performance do esfíncter, emoções e processos de pensamento. Com esses músculos apertados fortemente, as fezes são processadas. Apertar, alongar, olhos estreitos, lábios apertados, corpo pra dentro, tudo é parte da gravura de uma criança trabalhando duro para “ser boa, fazer direito a coisa”. O esforço produz uma atitude estreita de sentimento de justiça. No outro extremo, movimento espasmódico e desorganizado como o que ocorre quando os esfíncteres e os músculos circulares são muito soltos, produz expulsão rápida, uma aparência de derrota, um julgamento de “mau”, e sentimentos de impropriedade.
Respostas comportamentais e sociais previsíveis também são associadas com o segurar firme e o deixar acontecer. O rude vernáculo é vividamente explícito quanto a isso. Segurar firme pode levar ao comportamento de não fazer “merda nenhuma”. O reverso, o deixar ir expulsivo, leva à atividade de mandar “ir à merda” – o comportamento intencional de “mau” quebra as regras e faz uma confusão geral. Cada uma das maneiras tem sua apelação na gíria: os julgamentos sociais de “cdf” ou “bunda-mole”.
A captura de urgências energéticas nos comportamentos de “segurar firme” é o que se requer para o uso positivo do processo analítico. Segurar permite o desenvolvimento de uma ordem por limitar e controlar a expressão natural. Possibilita o silenciar dos impulsos, a restrição das emoções e da agitação energética mais interna. De encontro a um pano de fundo imobilizado, processos mentais podem então focar, selecionar, ordenar e arranjar um plano bem objetivo para uma ação dirigida para o alvo que é desejado. Há tempo antes que a resposta do movimento ocorra, o pensamento frio e desapaixonado reina supremo.
Mas enquanto os processos de controle se movem a um extremo, e tornam incapaz deixar acontecer de forma que os processos de energia possam retomar seu fluxo natural e se mover à ação viva, eles produzem pensamento obsessivo e comportamentos compulsivamente ritualistas. A energia, canalizada para padrões repetitivos fixos de atividade, bloqueia defensivamente a expressão natural de sentimento, emoção, impulso e comportamento. Medos e terrores, raivas e iras, tristezas e lágrimas podem assim ser neuroticamente examinados, enquadrados e anestesiados em modos estilizados de repressão.
Com a obsessão e o ritualismo compulsivo, a energia se torna absorvida numa performance repetida e sem vida. A consciência alerta cresce isolada do sentimento. Comportamentos, quando ocorrem, se tornam compartimentalizados, cada parte de uma tarefa a sua própria unidade separada. O quadro total é variado, o fluxo unificado de movimento energético é malogrado.
Eu testemunhei tal padrão de conectividade ritualizada compulsivamente, quando Stan me disse sobre como fazia uma torta. Sua descrição era um monólogo estilizado. Sua energia era completamente absorvida por ele. A absorção deixava sua voz fraca e seu tom monótono. O contentamento que Stan expressava era similarmente ordenado e super-controlado. Cada passo de sua apresentação verbal da feitura da torta era numerado, como descrito:
1. A massa é descansada.
2. Cuido em fazer um arco de 20 cm. 3. O rolo é empregado.
4. Usando as mãos, eu amacio todas as partes duras da crosta, e removo toda bolha
A lista numerada seguia, seguia e não parava: a face de Stan estava voltada para dentro, sua voz continuava controlada e monótona, seu foco intenso.
A estória foi contada como se lendo um livro de receitas. Não havia percepção do ouvinte. Uma tentativa de fazer uma pergunta para engajar seus sentimentos, e talvez encorajar mais espontaneidade em sua expressão, trouxe uma furiosa recusa: “Não me interrompa. Estou lhe dizendo como é que é.” A explosão, uma rápida banida a serviço de retomar o controle da situação, terminou tão abruptamente como começou. A recitação recomeçou. Continuou como se nada tivesse acontecido.
O processo ritualizado não sofreria interferências. Eu tinha a imagem de um indivíduo fastidioso, atrás de uma porta fechada, dentro do banheiro. Alguém que interrompesse esse tempo totalmente privado seria tratado abruptamente, como quem por erro entra em cena sem ser convidado.
Stan aproximou muito das coisas subjetivas da vida à análise detalhada e cuidadosa. Sua análise não tinha referência a dores, drama e paixões da vida. Se isso lhe era sugerido por outra pessoa, um ataque furioso o colocaria de volta ao controle da conversa. Quando, nos momentos mais saudáveis, esses ataques eram discutidos, ele pedia desculpas por sua explosão. Ele não queria parecer “mau”.
Quando Stan dirigia sua mente para coisas fora de si mesmo, deixando o uso da análise defensiva para controlar seus sentimentos ou o ambiente, ele fazia uso positivo de sua habilidade como analisador. Isso era valioso em seu papel escolhido de educador. Mesmo assim, a qualidade e nível de sua análise não trazia a recompensa que ele queria. Ele era apenas geralmente muito constrito, muito preso a seu estilo enquadrado de funcionar para ser capaz de escrever artigos completos ou fazer apresentações profissionais. As emoções que poderiam ser estimuladas pela refutação crítica, interrupção ou interação com colegas eram por demais ameaçadoras.
Na segurança da aliança terapêutica, Stan era capaz de experimentar fisicamente suas tensões constritoras, às vezes explodir por elas, e gradualmente atravessar o necessário para abrandá-las. A liberação das restrições da estrutura anal de caráter de Stan, e de seus rituais para se defender, trouxeram à cena notáveis emoções primitivas e sérias preocupações sobre vida e morte. Elas se relacionavam a um tempo de vida anterior aos temas do caráter anal. Temais anais e distorções as tinham mascarado. Porque não eram aspectos dominantes de sua personalidade, uma vez tocadas, trabalhar com elas caminhou rapidamente13.
À medida em que Stan trabalhava nos temas emergentes de cedo de sua vida, mais da sua força de vida e energia emergiam. Ele deixou de lado o moderado estilo anoréxico a que havia se adaptado há muitos anos antes. À idade de cinqüenta, ele tinha começado a comer pouco, e correr muito. Seu objetivo foi claramente afirmado: “Evitar a morte.” A morte o aterrorizava, já que ele sentia que tinha ainda que viver.
Com a libertação de sua energia, a vida de Stan cresceu extensivamente. Ele foi capaz de ganhar peso. Ele desenvolveu uma relação sexual que lhe trouxe plenitude, e deixou de um casamento que não funcionava bem tanto para ele quanto para sua esposa.
Em seu trabalho, ele enfrentou o risco de ensinar a uma classe de cidadãos idosos. Previamente, compartimentalizando seu vida, ele tinha evitado “O Velho.” Eles costumavam lembrá-lo da morte.
Stan achou a experiência de ensinar ricamente recompensadora. Ele foi surpreendido pela sabedoria e conhecimento que as pessoas mais velhas tinham. Ele achou útil ouvir sobre suas vidas, suas emoções e interesses. Ele retribuiu, dividindo com eles sentimentos reais dele mesmo.
Isso nos traz ao fim da parte um deste artigo. A parte dois cobrirá diagnósticos diferenciais, técnicas de tratamento e fornecerá uma variedade de materiais de caso.
Notas
1. Obrigado a Chris Turner que ajudou com a transcrição da discussão original deste tópico que foi apresentado sob os auspícios muito apreciados da New York Society of Bioenergetic Analysis; a Eric Diamond, cujas questões e dúvidas levaram a entendimentos mais profundos; e a Joel Robbins por sua acuidade editorial e pelas discussões sempre enriquecedoras.
2. Mamet, David. O Garoto Winslow. Sony Pictures Classics, 1999.
3. Lowen, Alexander. Physical Dynamics of Character Structure: Bodily form and movement in Analytic Therapy. NY: Grune & Stratton, 1958. Em português : O Corpo em Terapia – A abordagem bioenergética. São Paulo, Summus, 1977.
4. Muitos argumentos fortes, consoantes com o pensar da Bioenergética, justificam a posição do Caráter Anal no léxico dos Tipos de Caráter da Bioenergética:
A. A Bioenergética cresce de um entendimento do funcionamento natural. A humanidade não está sozinha na necessidade de ajustamento ao tempo e controle na regulação do material residual. Muitos animais regulam sua liberação para demarcar território. A função anal, assim, é um processo determinado do desenvolvimento que se relaciona a algo mais que apenas eliminação. Ela aparece como tendo um contexto social nas outras espécies vivas.
B. Os tipos de caráter resultam da interação entre o ambiente e uma área do corpo que começa a se desenvolver. O trauma em um tempo em que uma área do corpo está num período de desenvolvimento inicial em seu funcionamento resulta na fundação para o estabelecimento do caráter. O desenvolvimento fisiológico da área anal, tanto quanto o desenvolvimento do tubo intestinal, é um processo lento que alcança a maturidade no próprio espaço de tempo do desenvolvimento. O caráter anal, é argumentado aqui, é o resultado do trauma relacionado ao desenvolvimento corporal do controle digestivo e eliminatório. A capacidade analítica natural do corpo para escolher e processar o que toma, determinar o que retém e eliminar o que for preciso é interferida por traumas que têm efeitos previsíveis.
C. Há um padrão psicológico bem delineado associado com o caráter anal. Em um nível energético fundamental se relaciona com controle e liberação. A forma como esses são realizados afeta a personalidade total por vias psicológicas e sociais que são descritas por todo esse trabalho.
D. O argumento de Freud de que o homem possui instintos destrutivos, mesmo instintos de morte, levou ao contra-argumento de que o homem não é naturalmente destrutivo. É parcialmente nessas bases que o caráter anal, com seu correspondente impulso sádico e destrutivo, foi omitido da descrição de caráter da Bioenergética. (Veja nota 3) A idéia de que a humanidade tem um instinto para a destruição se tornou um anátema para muitos. A sugestão de Freud sobre ele foi controversa. Como terapeutas corporais, nos iríamos precisar muito prontamente olhar para os processos naturais do corpo para encontrar se e quando ele suporta tais conceitos teóricos. Há algo no corpo que é uma analogia, um processo profundo de destruição? Poderia ser a destruição de fato até necessária para a vida? Que há tendências destrutivas nos seres humanos certamente não se pode contra-argumentar. Mas estas tendências crescem a partir do funcionamento natural do corpo? Há tendências naturais no corpo para segurar, quebrar e destruir? Se há, onde, e qual é a sua função? O fato biológico de que comer, digerir e eliminar são processos analíticos de posse, e destrutivos, demonstra a base natural dessas tendências. A destruição começa, de um modo necessário e natural, tão logo a comida entra na boca. A saliva, movimentos da língua e a mastigação ajudam a quebrar e destruir a forma da comida quando ela começa sua jornada pelo caminho do tubo, boca a ânus. Segurar toma lugar, naturalmente, no estômago, onde a comida é sujeita a demais processos de quebra, quando o que poderia se chamar combate químico continua a desintegrar o material abaixo até seus elementos. A destruição é certamente uma parte normal dos processos do corpo, é necessária à vida, e é também fundamental para o processo analítico em um nível psicológico – onde uma situação é “destrinchada” antes da análise, e é uma das chaves para entender o Caráter Analítico. Claro que, como em qualquer processo humano, a destrutividade pode ser construída e usada por propostas anti-vida. Mais positivamente, extrapolando sobre o modelo da sua dinâmica do corpo, freqüentemente é vista como parte beneficente dos processos analíticos que tem levado a inumeráveis importantes contribuições para o desenvolvimento da vida.
E. Para o clínico a prova está dentro da prática. Por olhar numerosos clientes através da perspectiva descrita neste artigo, insights valiosos tem sido ganhos sobre o seu estilo característico de funcionar que levaram a métodos terapêuticos práticos e concretos, úteis em acrescentar crescimento até vidas mais completas e ricas. Introduzir este material na supervisão com outros clínicos trouxe resultados similares.
F. A análise de cima sugere que aqueles de nós que lidam com o corpo em nosso trabalho terapêutico incorporam os numerosos insights da psicanálise, e de Reich, concernentes ao desenvolvimento anal e ao caráter anal. Com tal recuperação histórica, podemos estudar a dinâmica de muitos de nossos clientes com novos olhos, enquanto continua nossa tradição de estarmos alertas à importância do corpo. É a intenção deste trabalho fornecer tal perspectiva enquanto enfatiza temas físicos, terapêuticos e clínicos relevantes.
5. Freud, Sigmund. “Caráter e Erotismo Anal” em Sigmund Freud Collected Papers, Volume 2. NY: Basic BOOKS, 1908, pg. 45-50.
6. Reich, Wilhelm. Character Analysis. NY: Pocket BOOKS, 1976.
7. O Analisador foi omitido da consideração no Ciclo da Mudança como é discutido no trabalho, Integração Rítmica: Encontrando a Totalidade no Ciclo da Mudança (Ronald Robbins, NY: Station Hill Press, 1991)*. A importância da análise na dinâmica da mudança não se tornou clara para mim até que o livro foi completado. Seus princípios e funcionamento foram parcialmente incluídos no capítulo “Solidifier” (Solidificador). Vim a ver desde então que “analisar” tem seu próprio lugar no Ciclo da Mudança. Segue seus próprios princípios bioenergéticos. Tem sua relação primária com um tipo específico de musculatura e sistema corporal, e resulta em um próprio QUADRO de características psicológicas distintas. *N.T.: em português, “O Tao da Transformação: Ritmo e Integração” – Editorial P.S.I., 1996
8. Freud, Sigmund. “Caráter e Erotismo Anal” em Sigmund Freud Collected Papers, Volume 2. NY: Basic BOOKS, 1908, pg. 45-50.
9. Salman, Leon. Treatment of the Obsessive Personality. NJ: Jason Aaronson, 1980
10. Dawkins, Richard. “The Selfish Meme.” em Time Vol. 153 nº 15 pg. 52-53
11. Se o leitor desejar experimentar a relação entre o apertar forte e o som de murmurar, brinque como se esforçando-se numa eliminação difícil. Enquanto faz isso fique alerta para as sensações de aperto na garganta. Enquanto isso está ocorrendo deixe o som sair e ouça os resultados.
12. Jenine, 3 meses de idade, sugere que há músculos prontos para participar no processo do toalete há uma idade muito precoce. Para o deleite da mãe, sua filha levanta suas próprias pernas na antecipação da troca de fraldas quando ela é colocada na mesa de trocar. O que sua mãe tinha feito previamente, levantando as pernas da criança a fim de levantar seu bumbum, Jenine podia fazer agora por ela mesma. Ela usava os músculos largos de suas pernas para realizar a tarefa de um modo pontual e apropriado. Embora claramente isso não seja controle anal, mostra de fato que outros músculos na área estão prontos para contrair-se e podem se envolver no processo segurar-soltar.
13. Refletindo no curso da terapia de Stan até esse ponto, uma questão se levanta. A natureza da sua expressão emocional, sua preocupação com a vida e a morte, e seu isolamento, podiam sugerir um diagnóstico esquizóide, mais que um anal. Sem um entendimento do caráter analítico isso poderia ser um fácil erro de diagnóstico, não se conseguiria um entendimento interior profundo de Stan, e o tratamento teria sido fora do ponto. Isso nos traz à necessidade de diferenciar diagnósticos de caráter quando a dinâmica do caráter Anal-Analítico é acrescentada ao léxico das descrições de caráter. O espaço não permite essa apresentação aqui, mas o tópico é parte do trabalho completo disponível na web (veja endereço abaixo). Nele, modos de diferenciar o caráter Anal-Analítico do Esquizóide-Criativo, o Oral-Comunicador e o Masoquista-Solidificador são apresentados. A dinâmica e apresentação dos aspectos anais-expulsivos do caráter também são ilustrados através de um exemplo bem conhecido. Finalmente, no trabalho completo, um número de métodos terapêuticos específicos úteis no trabalho com esse caráter são incluídos. Exemplos de caso que mostram a aplicação de algumas dessas técnicas para abrandar as dificuldades do caráter anal são descritos. Um exemplo de uso da compreensão da dinâmica do corpo descrita aqui para desenvolver habilidades analíticas num caso em que elas eram necessárias também é dado.
Para obter o artigo inteiro, o leitor deve dirigir-se ao site do IIBA: http://www.bioenergetic-therapy.com