A década de 60 e 70, na América Latina, traz acontecimentos difíceis de serem processados. Cruéis ditaduras se impõem, aniquilando, em nome da “segurança nacional” e do “desenvolvimento econômico”, qualquer força, popular ou não, organizada ou não, que a elas se opusesse. Instala-se no continente a Doutrina de Segurança Nacional, em que toda e qualquer oposição é considerada crime e, como tal, é punida.
No Brasil, com o AI-5 de dezembro de 1968, a ditadura se impõe sem disfarces – a repressão age sem limites e sofistica sua atuação com a criação de novos serviços de informação.
Enquanto corpos estão sendo mortos e torturados, nesse segmento social há uma valorização do corpo como expressão, como lugar de vitalidade.
No Brasil, desde os anos 60, o movimento tropicalista, artístico, musical e político expressavam a urgência de se livrar das tradições autoritárias, agrárias, positivista, católica, militar e incorporar o novo crescimento industrial, reformatar os corpos e absorver a nova realidade social.
Entre os anos de 1964 e 1968 algumas mudanças comportamentais estavam intimamente ligadas com a luta política contra a ditadura.
Ganhando cada vez mais visibilidade, o movimento da contracultura começou a ser perseguido pela repressão do governo ditatorial. A força social que o movimento tomava se mostrava cada vez maior e mais abrangente.
Foi fundado no Rio em 1953 o primeiro curso de psicologia do país na PUC. Apenas em 1962 a lei reconhece a profissão de psicólogo.
José Ângelo Gaiarsa sempre movido por sua conhecida inquietude pessoal e profissional, desde a década de 50 havia ido ao encontro primeiro de Jung e depois de Reich e fazia, nos anos 60, de seu consultório um lugar de transformação e resistência política, cultural e existencial. Por seus grupos passaram muitos terapeutas e futuros corporalistas.
Em 76, além do Movimento do Potencial Humano, tivemos a influência de workshops ministrados no Brasil por Emilio Rodrigué e Martha Berlim, argentinos radicados no Brasil, que criavam novas sínteses, com releituras da Psicanálise e Psicodrama.
Absorvida no Brasil, nos anos 70, como uma terapia alternativa criada com bases no movimento da contracultura e do potencial humano, A Análise Bioenergética, criada por Alexander Lowen, foi uma força que se juntou à luta contra o capitalismo, que através da ditadura reprimia todas as manifestações político-culturais.
Em 1975 no Instituto Sedes Sapientiae (SP), instituto educacional de psicoterapias, tem início um curso sobre Reich.
Nos anos 80 outros institutos em São Paulo foram criados: Ágora, Ipê, Associação W. Reich.
Em 1981 foi fundada por Myrian de Campos e Odila Weigand, em São Paulo, a Sociedade Brasileira de Análise Bioenergética (SOBAB), a primeira Sociedade Brasileira de Análise Bioenergética do Brasil. Filiada ao International Institute for Bioenergetic Analyses – IIBA. Seu foco inicial esteve direcionado basicamente para a especialização em Análise Bioenergética. Já nos anos de 90 surgem os cursos multiprofissionais, a clínica para atendimento à comunidade e as classes de exercícios bioenergéticos.
1989 – O Instituto de Análise Bioenergética do Nordeste se originou a partir de um grupo de psicoterapeutas de São Paulo, Salvador e Recife, na ocasião da vinda de Alexander Lowen ao Brasil.
1996 – É fundada a Federação Latino Americana de Análise Bioenergética (FLAAB). Centro científico internacional, educacional em beneficio da psicoterapia corporal. Composta por sociedades de Analise Bioenergética da América Latina.
2014 – A necessidade de vitalidade ainda é forte.
No mundo contemporâneo devemos levar em conta:
REFERÊNCIAS :
FAVRE, Regina – Terapias Reichianas 25 anos depois – Revista Reichiana nº3 -1993- Instituto Sedes Sapientiae
FAVRE, Regina – Um agenciamento conceitual para honrar e estimular a biodiversidade subjetiva: um modo político de ensinar e experimentar
A Anatomia Emocional de Stanley Keleman. – Laboratório do Processo Formativo, São Paulo – http://laboratoriodoprocessoformativo.com
REVOREDO, Luiza – A sombra da Análise Bioenergética – Texto apresentado na mesa redonda “Biodinâmica e Bioenergética – um diálogo”, promovida pelo Instituto de Biodinâmica.
REVOREDO, Luiza – Terapia Psicorporal: Quem Somos Nós – Texto apresentado no Segundo Encontro das três Bios, realizado em Campos do Jordão, SP, em dezembro de 2006 – http://www.bioenergetica.com.br
RUSSO, J. – O mundo Psi no Brasil – Jorge zahar Ed – 2002
TONELLA, Guy – Paradigmas para a Análise Bioenergética no alvorecer do século XXI – Seville 2007Em 1997 esse Instituto deu origem à Sociedade de Análise Bioenergética da Bahia (SABBA), à Associação Brasileira de Análise Bioenergética de Belo Horizonte ( ABBABH), e à Sociedade de Análise Bioenergética do Nordeste Brasileiro (SABNB). Atualmente o IABSP conta com cursos de formação em São Paulo, Americana e Vitória Recentemente o IABSP vinculou-se á empresa RZR – Educação para Resultados.
Cristina Piauhy