Vivemos época de muito medo. A mídia sensacionalista, a insegurança das cidades, os assaltos, e a violência desencadeiam um medo que se alastra e passa a fazer parte das conversas, das noticias em tvs, rádios e jornais, entra em nossas casas e invade nossas mentes. Como um assaltante o medo nos faz reféns. passamos a viver com as mãos para cima. Literalmente roubados. Perdemos a espontaneidade de nossos movimentos. Nosso corpo enrijece e passa a viver enclausurado como numa prisão.
As couraças musculares e psíquicas se estabelecem de tal forma que nossas articulações se ressentem e enrijecem, pois perdemos a graça natural de virarmos o pescoço e as articulações para todos os lados. O que desenvolvemos é o olhar enviezado, de canto de olho, desconfiados.
Ao irmos para a rua, todos passam a ser suspeitos. O vizinho de assento no ônibus, aquele que nos ultrapassa nas caminhadas, nas filas de banco, ao estacionar, passa-se a olhar ao redor. Sempre com desconfiança.
Nossas casas, ah, nossas casas, ou prisões também como nossos corpos, passam a ser gradeadas. Nos defendemos como podemos, amedrontados, como reféns. O medo nos atinge em cheio. Como presas fáceis podemos entrar neste circuito e limitarmos nossas vidas. Nossos corpos. Nossas existências.
Mas também podemos cada vez mais nos unirmos buscando alternativas que permitam que as crianças e adolescentes de nosso país tenham educação. O dia todo na escola, com alimentação e incentivo familiar com a devida fiscalização.
Ou todos bradamos a uma única voz ou seguimos cada vez mais enclausurados, amedrontados e desconfiados.
Chega. Basta.
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