12 – Título do trabalho
BIOENERGÉTICA E RÍTMOS PERNAMBUCANOS
Lucina Araújo
Psicóloga, Local Trainer da Sociedade de Análise Bioenergética do Nordeste Brasileiro.
Diretora do Libertas Centro de Pesquisa e Pós-Graduação.
E-mail: lucinaaraujo@hotmail.com
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Este trabalho surgiu do imenso amor e admiração que tenho pela cultura da minha terra e da minha gente. Considerada antes de tudo um povo ‘UM FORTE, UM LUTADOR “.
Eu quis aliar a Bioenergética à rica e variada cultura de Pernambuco. Assim, tracei alguns paralelos entre as couraças e os ritmos.
Apresentei este trabalho no I Congresso Latino-Americano de Análise Bioenergética em Campos de Jordão, São Paulo, 2001, com o objetivo de trabalhar as couraças e integrar as pessoas vindas de todas as regiões do nosso imenso Brasil.
Esses ritmos estão sempre aliados a uma dança ou ritual e representavam na sua origem crenças, credos e o imaginário das raças que os praticavam.
Começo o trabalho com o Pastoril que segundo Raul Valença, foi trazido pelos portugueses e faz alusão as pastorinhas que saiam cantando e dançando pelos vales a procura do lugar onde nascera Jesus, convidando a todos a se juntar a elas.
Uso esse tema “convocar” as pessoas a se aproximarem, receberem uns aos outros e se olharem, ver como a vida pode ser boa e bela.
Depois seguindo a ordem da Bioenergética, de baixo para cima, vem o XAXADO.
Esse ritmo segundo Luiz da Câmara Cascudo, estudioso do folclore, é originário do Sertão de Pernambuco e foi divulgado por Lampião nas suas andanças pelo Nordeste do Brasil.
A própria dança enfatiza os PÉS. Desenvolve uma cadência rítmica onde o bater de pés no chão assume sua marca.
O COCO
Acredita-se que o coco tenha surgido na zona de praias, daí o seu nome, porém se consolidou na zona canavieira e no agreste pernambucano.
Consiste em uma dança circular com sapateados fortes, “parecendo que os dançadores estão pisoteando o solo ou em uma aposta de resistência”. Conforme Getúlio César.
Aproveitei este ritmo para trabalhar os Pés e as Pernas.
CABOCLINHOS
Este ritmo e dança fala dos nossos indígenas “in natura”. De como eles utilizavam a dança para celebrar a “caçada, a colheita, a batalha ou a vitória”.
Há uma fina sintonia entre a dança e os instrumentos musicais rudimentares.
Quando uso este ritmo observo uma dança de corpo inteiro e muita alegria.
FORRÓ
O que hoje se chama forró, na verdade é a mistura do xote e do baião. Ritmos nascidos no Sertão e no Agreste de Pernambuco, cuja expressão máxima é Luiz Gonzaga compositor e cantor de grande reconhecimento e vasta produção musical.
Este ritmo mexe com a libido e suas músicas falam das relações homem x mulher, coração x genital e amor x desejo. Sua dança realça a pélvis e o prazer entre o masculino e o feminino. Fala da sedução, da paixão, do amor e da saudade.
Utilizo este ritmo para trabalhar a PÉLVIS.
MARACATU
Segundo Mauro Mota um dos ritmos mais autênticos de Pernambuco é o Maracatu. Ele retrata o sentimento dos negros – que aqui vieram como escravos exilados – suas origens, crenças, credos e referenciais. Neste ritual eles se imaginavam reis e rainhas com vassalos, reminiscências dos antigos Reinados do Congo. Este rítmo foi usado por mim para trabalhar o diafragma, o pescoço e os olhos, mexendo com a auto-estima.
O Batuque Forte também invoca a pulsão instintiva.
CIRANDA
Jaime Diniza realizou uma pesquisa de campo e escreveu uma monografia sobre a Ciranda.
Tudo indica que surgiu na zona da Mata de Pernambuco, entretanto foi na área litorânea que ela se fez conhecer melhor. Trata-se de um ritmo e dança que realça o homem do mar com movimentos corporais que lembram o ritmo das ondas do mar.
É talvez o mais politizado e democrático ritmo de Pernambuco. Nele juntam-se brancos e negros, velhos e jovens, ricos e pobres, patrões e empregados, todos de mãos dadas formando um grande círculo. Com este ritmo finalizo o meu trabalho integrando as pessoas. independente de raça, cor, credo e posição social.
Uma celebração à democracia e à vida.