3 – Título do Trabalho:
ARTE DE SER MULHER: ARTE OU MALABARISMO?
Lígia de Mello
Psicoterapeuta Reichiana, Analista Bioenergética –CBT, Diretora de Comunicação da Sociedade Brasileira de Análise Bioenergética – SOBAB.
mulher . [Do lat. muliere.] S. f. 1. O ser humano do sexo feminino. 2. Esse mesmo ser humano considerado como parcela da humanidade: os direitos da mulher. 3. A mulher (1) na idade adulta. 4. Restr. Adolescente do sexo feminino que atingiu a puberdade; moça. 5. Mulher (1) dotada das chamadas qualidades e sentimentos femininos (carinho, compreensão, dedicação ao lar e à família, intuição): Como mulher, sabe apoiá-lo na justa medida. 6. A mulher (1) considerada como parceira sexual do homem. 7. Cônjuge do sexo feminino; a mulher (1) em relação ao marido; esposa. 8. Amante, companheira, concubina. 9. Mulher que apresenta os requisitos necessários para um determinado empreendimento, para um determinado encargo: mulher de negócios. 10. Uma mulher (1) qualquer; dona: Quem telefonou? | – Uma mulher. [Aum., nas acepç. 1, 3 a 6: mulheraça, mulherão e mulherona.] Mulher da sociedade. 1. A que freqüenta a alta sociedade e conhece seus hábitos e costumes. Ser como a mulher de César. 1. Ser mulher de reputação inatacável. ( Aurélio)
Partindo das definições aqui encontradas, podemos ter uma noção do modo como a mulher é percebida e as atribuições que lhe correspondem.
Através da história da humanidade, para além de tempo e espaço, as mulheres vêm sendo representadas através de figuras míticas que têm em comum o traço cultural de serem identificadas como seres portadores do pecado e do mal disseminados no mundo. São esses os casos, entre tantos outros, de Pandora da mitologia grega à Eva da tradição judaica, da mulher sendo representada como causadora de calamidades, cometendo sempre a falta original, essas ocorrências são resultantes de uma incontrolável curiosidade( de saber) que suscita a desobediência a uma ordem preestabelecida, seja abrindo a caixas que continha os males da humanidade, seja comendo o fruto proibido”. (“A culpa nossa de cada dia…”-Nádia Lima).
A partir do séc XVIII na Europa temos o surgimento da família burguesa e o advento da indústria. Estes fatos geraram novas formas de produção, reorganização social e econômica. A separação do espaço de trabalho e de residência levou a constituição de uma lógica própria em cada um desses universos, público e privado. O que ocorreu neste processo é que para as mulheres ficou reservado só o espaço privado, ou seja, de confinamento e a sua ausência no espaço público, político.
Somente nos finais do séc XIX , após uma longa marcha no tempo, é que as mulheres conquistam o direito ao voto, que se estendeu em diferentes localidades na Europa, como Inglaterra, Alemanha e França. No Brasil esta conquista ocorre na década de 30.
Já nos anos 60, com o advento da pílula e o movimento feminista, houve a politização do mundo privado e a ampliação da noção do sujeito. Este movimento gerou a formação de organizações de mulheres que condenavam seus confinamentos ( papel de mãe e esposa, frágil e submissa, responsabilizada pelo desenvolvimento físico, emocional e social dos filhos) dando voz ao feminino calado pela cultura patriarcal, através da queima de objetos simbólicos (vassouras, soutiens, por exemplo).
No Brasil, em 1976 foram retomadas as comemorações do dia da mulher- 8 de março – interrompidas desde 1964, que tem relação com os movimentos ocorridos da Europa entre os anos 1909 a 1917, que culminaram com a morte de 129 operárias na fábrica Cotton em NY.
A maioria dos estudos produzidos no Brasil nas últimas décadas discute a posição da mulher no mundo capitalista as questões relativas a racismo, sexismo, relações de classe, violência, lutas em defesa da mudança da legislação referente ao aborto etc.
Apenas neste recorte podemos perceber as inúmeras tarefas e qualificações que colocaram para a mulher. Embora tenha havido significativas mudanças nos padrões de comportamento ao longo da história, podemos perceber que na realidade o que aconteceu foi uma acumulação de qualidades e quantidades de atribuições à mulher. Por exemplo as tarefas de alimentar, cuidar, educar ainda são vistas como sendo essencialmente femininas, além do novo encargo que é estar no mercado de trabalho e ter sucesso.
Em geral o que vemos hoje em quase todas as mulheres, sejam elas solteiras ou casadas, profissionais e/ou donas de casa, é que em algum momento deixam transparecer a frustração no viver, o ser mulher hoje. Um desejo ora nostálgico, ora invejoso de uma outra existência. Portanto, não é de admirar que muitas tremam de terror ao reconhecer a precariedade de seus apoios ou quando são impelidas a viver como se devessem dominar o mundo.
Paralelamente a isso, a velocidade acelerada em que vivemos hoje, faz com que nos sintamos desarticuladas, confusas, fracassadas e/ou aprisionadas.A singularidade de ser mulher é impedida pelos padrões, estereótipos e fantasias as quais têm que se encaixar, tornando-as cada vez mais serializadas e mecanizadas. Não é necessário muita perspicácia para perceber vários sintomas como depressão, desistência, masculinização e/ou estresse.
A proposta deste trabalho consiste portanto, em criar um espaço de experimentação de novas formas de estar no mundo, onde a mulher possa criar um modo próprio e singular de ser onde afirme a potência e a alegria de sua diferença. Afinal, é essa a arte de viver.
Tipo de apresentação: Comunicação verbal com vivência (1 hora).
Na parte vivencial serão utilizadas técnicas da bioenergética e técnicas expressivas